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Thursday, October 24, 2013

Ontem fui a Paços de Ferreira:

Há cerca de um mês que não ia ali. Digo ir, ao permanecer ali um bom bocado de tempo. A última vez foi no dia vinte e nove de Setembro do ano corrente. Nessa noite, pois as vezes que ali tenho ido e permanecido têm sido na parte da noite, de dia, uma passagem fugaz para me dirigir para outras localidades em que tenho de passar por ali.
Assim, tanto ontem, como no dia vinte e nove de Setembro, fui para me inteirar como se celebra uma vitória política. Mais a mais quando essa vitória é a primeira em trinta e sete anos. É muito tempo e sendo assim ocorrem a estes eventos demasiado povo. Foi o que aconteceu nestas duas noites em que resolvi ser testemunha.
No dia vinte e nove fiquei admirado com a manifestação popular em redor de Humberto Brito. Eram pessoas de todas as freguesias do concelho. Militantes ou apoiantes do Partido Socialista. A rotunda onde está sediado o Paços de Concelho era pequena para absorver tanta gente e viaturas. Só visto é que dava para crer. Eram cumprimentos mais cumprimentos, abraços mais abraços, que a chuva miudinha teimava em não desaparecer. Mas dizem que cumprimentos e abraços molhados são desejos dobrados. Assim foi.
Ontem a convite de um amigo lá fui assistir à tomada de posse da Assembleia Municipal e Câmara Municipal. Chegamos ali por volta das vinte horas e quarenta e cinco minutos já era um mar de gente à porta de entrada dos Paços do Concelho. 
Aguardamos um pouco e quando nos dirigimos para o salão, destinado a estas assembleias, as cadeiras destinadas ao público estavam todas ocupadas. Havia uma série delas destinadas aos autarcas e convidados. Assim, tivemos que nos amanhar atrás de outras pessoas que como eu e o meu amigo se dispuseram a ir ali assistir ao evento. Entre os mirones era dito que o salão nunca esteve assim a abarrotar de gente incluindo as galerias. E… era de supor. 
Os socialistas e adeptos de Humberto Brito ali estavam a marcar a sua presença. Era fácil reconhecê-los. O sorriso “rasgado” desmascarava-os. Os de sorrisos menos “rasgado” também eram reconhecidos. Por isso o meu amigo me disse várias vezes que ali havia falta de comprimidos para a azia. E… ela denotava-se bem.
Iniciou-se a sessão com as formalidades habituais. Teve a colaboração de dois jovens músicos que tocaram peças de Bach, digo de Bach, porque junto a mim estava um assistente que em troca de conversa disse-me que era Regente da Banda de Música da Foz do Douro. Gosto de ouvir música pelos seus acordes e sons mas não percebo nada, a não ser rapsódias. De qualquer maneira o evento prometia. 
E prometeu mais quando começaram a chamar os autarcas para assinar o livro de honra. À medida que eram chamados os Presidentes de Junta de Freguesia os aplausos iam em torno do presidente da sua terra. Uns mais aclamados que outros. Até que chegou a vez de ser chamada a única Presidente de Junta de Freguesia. 
Através da aparelhagem sonora ouve-se: Armanda Isabel Pinto Taipa Pereira Fernandez. Aqui a ovação foi estrondosa. A maioria do público pôs-se de pé a aplaudir. Se já tinha fraca visibilidade ainda com mais fraca fiquei. 
E… pensei. Não são só aplausos de pessoas de Freamunde. Não! Não estamos assim tantos como os aplausos. É por ser a primeira mulher do concelho a tornar-se Presidente de Junta de Freguesia. 
E… voltei a meditar. Como pode uma terra tão grande ter uma presidente de pequena estatura! E concluí. Pode sim. Quando a vontade é férrea, as ideias enormes e a humildade imensa. Foram estes três ingredientes a base da sua vitória. 
Como disse nunca tinha assistido a uma tomada de posse de órgãos para a Assembleia de Câmara Municipal e Presidente de Câmara. Na véspera tinha assistido, também pela primeira vez, à tomada de posse da Assembleia de Freguesia  e de Junta de Freguesia de Freamunde, mas nada comparado à de ontem. 
O suor que corria pela minha face e corpo não era só do calor que se fazia sentir no salão. Era também emocional. Por isso o enriçar dos pêlos dos meus braços.
Depois veio o discurso de Humberto Brito. De volta e meia a ser interrompido pelos aplausos e pelo levantarem-se da cadeira. 
Descrevia o seu programa e dizia que para ele em primeiro lugar estava o povo do concelho. Aqui não dizia de Paços de Ferreira. Dizia o seu todo: que é o concelho. Vi vários semblantes torcidos. Mas tem de ser assim. E tem de ser um Presidente do concelho e para o concelho. 
Que de Paços de Ferreira já o foram durante trinta e sete anos.                        

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