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Wednesday, May 1, 2013


Há histórias que nos levam a pensar que somos nós as suas personagens. Pretendemos ser o actor que pratica o bem e relegamos para os nossos inimigos o papel de mau. Acontece com tudo e em tudo. Ainda me lembro de em pequeno ler a “Bela adormecida”, “ “Ali Babá e os quarenta ladrões” e outras mais que embelezavam o meu subconsciente. Em cada me revia o personagem principal.
Na “Bela Adormecida” tornei-me em Príncipe encantado, em “Ali Babá e os quarenta ladrões“ de Pobre lenhador, em que me torno rico, quando descubro a fórmula de abrir e fechar a caverna com as célebres frases: “Abre-te Sésamo e fecha-te Sésamo“. Quando a história acabava o meu subconsciente dava por bem empregue esse tempo de meditação.
Depois via o quanto a realidade era diferente. A vida tornava-se agreste e dura para quem era filho da pobreza e humildade. Pretensões havia mas oportunidades eram exíguas. Sabíamos o que nos esperava. Fim do ensino primário e a espera de ser operário ou agricultor. Tanto valia as nossas competências escolares como não. Se eras filho das profissões referidas em cima tinhas que ter essas. Mesmo com dez ou onze anos tinhas que te adaptar a esses ofícios. A idade mínima para trabalhar eram os catorze. Quantas corridas e escondidas tive de fazer para não ser apanhado pelos fiscais do trabalho.
Mas tanto ontem como hoje ainda revejo as histórias. Comparo-as com algumas que estão na actualidade e vejo o papel que é dado a quem nada fez na vida. Não têm vida ou história a não ser a que algum contador lhe dedique. Por isso e para voltar a pôr o meu subconsciente, embora mais gasto pelo peso da vida, gosto de ler certas histórias mas nesta não quero ser o protagonista e reporto-o para Victor Gaspar a quem dedico “A tartaruga em cima do Poste”.
Elegi-o pelo motivo de ontem na Audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, a deputada Ana Drago, ter referido que Victor Gaspar tinha sido eleito representante do governo, à qual, Victor Gaspar respondeu: "Eu não fui eleito coisíssima nenhuma". 
Fê-lo em forma de desdém e enfadonha. Demonstrando falta de sentido de Estado, respeito pelos deputados daquela comissão e dos portugueses em geral. Há quem tente enganar as pessoas durante uma vida mas numa fracção de segundos revelam todo o seu ser. Por isso no texto que segue da fábula ”A Tartaruga em cima de um Poste” dedicada há algum tempo a Passos Coelho, troquei o papel e atribuo a Victor Gaspar, embora entenda, que está bem adequado a ambos.

“Enquanto suturava um ferimento na mão do velho Sábio, cortada por um caco de vidro indevidamente jogado no lixo, o médico e o paciente começaram a conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre Victor Gaspar.
O velho Sábio disse: "Bom, o senhor sabe... o Victor Gaspar é como uma tartaruga em cima de um poste...".
Sem saber o que o Sábio quis dizer, o médico perguntou o que significava uma tartaruga num poste.
E o Sábio respondeu:
É quando o senhor vai indo por uma estradinha, vê um poste e lá em cima tem uma tartaruga tentando equilibrar-se. Ora, isso é uma tartaruga num poste.
Diante da cara de interrogação do médico, o Sábio acrescentou:
Você não entende como ela chegou lá;
Você não acredita que ela esteja lá;
Você sabe que ela não subiu para lá sozinha;
Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
Você não entende porque a colocaram lá;
Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar." 

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