RSS
Facebook
Twitter

Monday, December 23, 2013

Os cinquenta anos do G. T. Freamundense:

O dia vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três ficou célebre no coração dos Freamundenses. Há dias que são mais felizes que outros. Ou porque relembram datas que perduram para todo o sempre ou datas mais singelas. Foi o que aconteceu com o evento realizado a vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três. 
A ousadia de levar à cena a opereta em dois actos com o nome Gandarela podia dar em duas coisas: insucesso ou sucesso. Quando se produz algo há que pensar nestas duas hipóteses. Quis a sorte ou destino que fosse sucesso. E… então passados cinquenta anos há que festejar esse acontecimento. São muitos anos em cima da carcaça de qualquer ser humano. E uma longa vida numa Associação. Para festejar nada mais que reunir os seus mentores ainda vivos e quem também viveu esses acontecimentos. Fui um dos felizardos. Assim ontem revivi o vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três. 
Para que não passasse despercebido aos Freamundenses - a mim não - logo de manhã foram lembrados com o estoirar de cinquenta bombas de foguete. Tantas quantas a efeméride. Assim aprontei-me para ir assistir à missa das dez horas  em memória dos actores e de mais membros do G. T. Freamundense. Aqui residiu a minha primeira surpresa. Quem ia celebrar a missa era o nosso conterrâneo Padre Arlindo Pinto. 
Dei conta disso quando se dirigia para o local que serve de sacristia no Salão Paroquial. Passou por mim, cumprimentou-me e, referiu-se à cor do meu bigode: branco como a cor da neve! Mas contracenou logo: não posso ironizar porque a minha calvície também é profunda. Apeteceu-me retorquir: quem andou não tem para andar e nada melhor que não esconder a beleza da Natureza.
Entrou-se na dita missa. Não sou um praticante assíduo mas algumas vezes ali vou e admiro a forma como o Padre Brito, Pároco de Freamunde, as celebra. Com homilias dignas de ser ouvidas. Boa dicção, boa locução e entoação. Quem ali vai dá o tempo por bem empregue. Pelo menos nas vezes que vou, dou-o.
Nunca tinha assistido a uma missa celebrada pelo Padre Arlindo. Como todos os Freamundenses sabem anda à volta do Mundo: África, Ásia, continente Sul Americano e Europa. O pertencer aos Missionários Combonianos assim o exige. Foi uma missa diferente das que estou habituado. “Mais tu para lá e para cá” como se ousa dizer.
Com isto refiro-me a ser mais participativa com os fiéis, sejam eles, crianças ou adultos. Depois perguntar o nome às crianças para as tratar pelo nome cai bem. E assim fazia perguntas ao Pedro, ao Nuno e à Carolina. E… Carolina que nome bonito! Desabafou. Perguntava o que explicou na homilia. E... assim fiquei a saber que “Emanuel” quer dizer "Deus connosco". Há coisas que levam uma vida a aprender. Mas nunca é tarde.
A homilia ia para o seu fim. Interroguei-me. Não vai falar no G. T. Freamundense? Mas a minha interrogação foi fugaz. Porque para a celebração da missa em memória do G. T. Freamundense nada melhor que um Freamundense. Não porque o Padre Brito não esteja a par do que se passa em Freamunde. Está e tem contribuído para que a cultura de Freamunde seja uma realidade. Mas não viveu o nascer da Opereta Gandarela. E o Padre Arlindo sim. Vivia “paredes meias” com o local do espectáculo. 
Tenho a certeza que sabe trautear toda a música da opereta Gandarela e de cor as canções. Por isso nada melhor para celebrar a missa e fazer o elogio ou critica das pessoas que conheceu e não estão entre nós: Alberto Matos, Alfredo Rego, Costa Alves, aqui soletrou “o meu pro fes sor de his tó ria” e Fernando Santos. Outros e outras não foram lembrados como: Zulmira Viana, Cacilda Costa, Ricardo Manassés, António Lopes e Zeca “Pataco”. Mas também não se podia lembrar de todos e a missa já ia longa. Às onze horas havia que rumar aos cemitérios nº. 1 e 2 para prestar a homenagem devida aos enumerados em cima e as onze horas há um bom par de minutos que tinham deixado de o ser. 
Às dezasseis horas continuava o evento. Havia a sessão solene, comemorativa do cinquentenário no “Auditório Fernando Santos” na Casa da Cultura. Para ali me desloquei pelas quinze horas e quarenta e cinco. Mas houve um grande atraso. Só pela volta das dezassete horas se deu início. Cantaram Carla Lopes - do Frei Fado del Rei - e Fernando Correia temas da Gandarela que foram acompanhados pelo imenso público que enchia o Auditório Fernando Santos.
Depois, Nelson Lopes fez uma longa retrospectiva do G. T. Freamundense. Falou de todas as peças que o G. T. Freamundense levou a cena. “O Comissário de Polícia, Sapo e a Doninha, Amor de Perdição, As Árvores morrem de Pé” e, tantas outras que com medo de esquecer alguma não vou enumerar mais. Fê-lo com ardor que até comoveu a assistência. Também ele estava muito emocionado.
Seguiu-se Francisco Graça, presidente do G. T. Freamundense que fez um rasgado elogio a estes cinquenta anos. Por vezes a fala começou a falhar-lhe. Estávamos a ver que íamos ficar sem orador: tal era a emoção. Também falou a Presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, Armanda Fernandez, que disse que a Junta tudo fazia em prol do G. T. Freamundense e das mais colectividades existentes em Freamunde. Humberto Brito foi o último orador. Demonstrou estar a par da situação do G. T. Freamundense. Até referiu que já tinha incumbido um arquitecto para se pôr a par das necessidades da Associação dos Socorros Mútuos Freamundense. Que se ia dar início a beneficiações e com a ajuda da Junta de Freguesia - esta contribuía com os materiais - para as obras serem uma realidade e não continuar como promessa. Não esquecendo de referir as dificuldades que a Câmara Municipal de Paços de Ferreira atravessa. Tudo decorria normalmente.
Deu-se a entrega de prémios a várias individualidades e instituições. Entre elas: Carvalho Machado & Filhos Lda., Gomes e Gomes, Serração de Leigal e outros mais. Como sócios beneméritos, Júlia Taipa, A. Vieira e J. C. A.. Foi entre palmarias que os prémios foram recebidos. É bonito o reconhecimento para quem dá um pouco de si e seu. 
Depois foram homenageados os actores e colaboradores. Entre eles: Nelson Lopes, Mariazinha Correia, Fernando Correia, Alberto Graça - este prémio foi entregue às netas dado a impossibilidade do mesmo não poder estar presente - e Vitorino Ribeiro. Só que aqui surgiu uma situação de injustiça - quanto a mim - porque deviam outros também serem homenageados. Estou-me a referir a Maria José Ribeiro da Costa que foi quem desempenhou o primeiro papel de “Aurora” uma das sardinheiras da Gandarela. Aliás, a peça desenrola-se quase toda na sua personagem. Entendo que devia de haver mais cuidado com estas atribuições. Uma festa, principalmente comemorações, deve ter o contributo de unir e não desunir e ali sentiu-se uma desunião para com a Maria José. Quando a convidaram para ir ao palco, para ali também interpretar canções que interpretou como “Aurora”, rejeitou esse convite de forma veemente o que é raro noutras circunstâncias. 
Como o texto já vai extenso acabo com um reparo de maior importância. Todos os Freamundenses têm a noção se não fossem os caprichos de uma pessoa o dia vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três não existia na forma como existiu. Nem hoje se dava este evento. Referenciar tão pouco Fernando Santos neste dia é fraca gratidão. Fernando Santos merecia mais. Ele foi o expoente máximo do G. T. Freamundense e dos maiores divulgadores da cultura de Freamunde. Por isso estes cinquenta anos a ele são devidos.                        

0 comments:

Post a Comment

ban nha mat pho ha noi bán nhà mặt phố hà nội