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Sunday, December 8, 2013

Oito de Dezembro:

Neste dia já foi celebrado o dia da Mãe. Por isso sempre gostei dele que para além de nos recordar essa efeméride ainda se festeja o dia de Nossa Senhora de Conceição. Gosto de o referir e talvez quem me leia ache-me chato ou pai coruja. Mas não se trata disso. Unicamente, gosto de o lembrar, porque assim recordo a minha meninice e esse dia. Naquele tempo, criança que era, dava outro valor que hoje homem não dou embora continue a gostar dele como referi.
Recordo a tasca do senhor Ramiro que neste dia recebia os fregueses para comer uma isca de bacalhau, uns bolinhos do mesmo peixe e beber uma copada de vinho tinto ou branco. Devido às condições reduzidas de espaço uma grande parte dos fregueses vinha para as imediações pôr a conversa em dia, quer fosse sobre a Banda da Música ou do Sport Clube de Freamunde, quer sobre a vida difícil que a política dessa altura nos reservava.
O vinho por vezes levava para estoicismos, que de outra maneira não eram aconselháveis o que fazia por vezes dizer-se coisas indevidas. Mas sabe-se como era o povo antigamente. Festa que o fosse tinha de haver pancadaria. E, então era raro naqueles tempos não haver uma qualquer escaramuça. Assisti a algumas. Também o ramo de loureiro exibido à porta da tasca do senhor Ramiro anunciava a venda de vinho o que hoje deixou de ser tradição.
Ali à beira havia a garagem de bicicletas do Neca “Baião” que alugava bicicletas entre as quais de criança. Era um regalo ver as crianças a andar de bicicleta num jardim com canteiros ali no largo de S. Francisco. Quem se recorda dele? Muitas delas foi ali que aprenderam a conduzir bicicletas. Não foi o meu caso. Não possuía dinheiro para pagar o aluguer. Assim só aprendi mais tarde a conduzi-las. Falo nisto a talho de foice e porque gosto de lembrar o tempo da minha meninice.

A meio da tarde saía com todo esplendor a procissão em que o senhor César “Armador” punha todo o seu profissionalismo ao dispor da Nossa Senhora da Conceição. Quando chegava a noite era hora de queimar os “Ferreirinhos”. Gostava de ver mas tinha receio de ser queimado pelo efeito das “bichas de rabiar”.
Assim, muito antes ia para o átrio da casa Nunes, por cima da referida garagem do Neca “Baião” e dali desfrutava de uma boa vista e de certa maneira protegido das referidas “bichas de rabiar”. Este evento (Ferreirinhos) naquele tempo era uma revolução no aspecto da pirotecnia. Como gostava de os ver a gladiar e no fim a mijar um para o outro. Nós, crianças, riamos a bom rir com esta demonstração.
Sabia-se que a partir daquele momento a festa da Nossa Senhora da Conceição estava no seu término. Aliás, término para a maioria dos foliões, porque alguns ainda continuavam na tasca do senhor Ramiro, ia dizer, a saborear o vinho mas devido à quantidade ingerida o paladar já tinha desaparecido. O que tinha ficado eram umas casmurrices entre alguns que a boa disposição do senhor Ramiro punha cobro.
Assim os festeiros, depois de contabilizadas as contas, preparavam-se para a eleição de novos festeiros para darem continuidade à do próximo ano. E é assim que ano após ano Freamunde celebra este dia e Santa com a abnegação que é conhecida de quem nos visita neste dia. E… também é assim que num texto pequeno e simples se relata e recorda uma Santa, uma Procissão, a Meninice e os “Ferreirinhos”.

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