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Sunday, August 11, 2013

Entre sair e ficar em casa:

Com este calor, neste momento já vai em 24 graus, apetece estar em casa. Dei uma volta pela página de António “Rodela” no Facebook e de lá retirei alguns versos que são verdades nuas e cruas. A sua vida vivida é um exemplo disso.
Homem do povo, como do povo é todo o poeta popular, aproveita para dizer o que lhe vai na alma, versejando. Pena que Freamunde não se orgulhe de ter entre seus filhos pessoas como o “Rodela”. Um dia a história vai-me dar razão, embora já não faça parte deste mundo.
“Rodela” continua a escrever versos por capricho e passatempo pois não tem nenhuma ajuda das entidades locais. Se por casualidade vivesse noutra terra - o que acho difícil, ele ama Freamunde - que pertencesse a outro concelho a sua obra estava exposta na Biblioteca Municipal.
Assim é exposto em livros a expensas suas e de amigos, para depois, andar de mão em mão, nas páginas dos Blogues ou no Facebook, a dar conhecimento do que é Freamunde e sua gente. 
Freamunde não tem culpa da forma como o tratam mas os freamundenses como eu tem. Pois deixamos passar coisas destas como coisas de somenos importância.

"Solução para a crise"

Querem uma solução
prá crise do mundo inteiro
Ponham os chulos do pão
um mês a comer dinheiro.

"O festeiro"

O orgulho da moçarada
desta terra é ser festeiro
fica a não lhe faltar nada
p’ra ser um homem inteiro

Cá faz-se um pouco de tudo
desde moço dos recados!
Vai-se até de cabeçudo
não havendo interessados.

É um ano a trabalhar
e um curso a adicionar
ao currículo da vida

Quem dá um pouco de seu
a terra aonde nasceu
ganha em vê-la mais crescida.

"Deixem viver a palmeira"

És o encanto dos meus olhos, palmeira,
cada hora que passa és mais bonita,
hei-de um dia vestir-te a seda ou chita
velha relíquia, és o encanto da feira!

Não vemos mais a praça nem os tanques,
nem a bica deixaram por desgraça,
para matar a sede a quem cá passa
foi tudo só ficaram seus amantes.


A mensagem que deixo p'rós vindouros
é que as minhas saudades sejam louros
a caírem aos pés da novas mentes.

Uma coisa lhes peço com ternura,
enquanto esta palmeira der verdura
não a abatam, respeitem-lhe as sementes.

"Aos meus amigos de escola"

É porque os trago no peito
e por respeito à sacola
que como irmãos eu respeito
os meus amigos de escola.

P'ra mim são todos iguais
não lhe encontro diferença
nem p'los bens materiais
nem pela cor, nem p'la crença.

Um irmão é um irmão
não encontro outra razão
para vos ver doutro jeito.

Quero -vos bem companheiros
como irmãos verdadeiros
trago-vos dentro do peito..

"Na hora da desgraça"

Porquê vai tanta pobreza
a acompanhar o progresso
se a produção da riqueza
é neste mundo um excesso.

Ninguém deve deitar fora
o pão que a si lhe sobrou
porque morre a toda a hora
gente a quem ele mingou.

Isto é tudo muito lindo
enquanto a gente vai rindo
da desgraça do vizinho.

Mas se ela nos bate à porta
a gente aí já se importa
com quem se ri no caminho.

"Um Pacense em Lisboa"

Quando eu chegar à terra,
vou contar à minha Avó,
que a Vaca em Lisboa berra,
como berra em Figueiró.

Sou de Paços de Ferreira,
não posso ser de outro lado,
fui dormir para a passadeira,
pra ver um carro parado.

Vi uma casa amarela,
a correr pela rua fora,
fui a correr atrás dela,
queria trazê-la embora.

Depois deste meu papel,
um Guarda ao ver tanta asneira,
pergunta, de onde és Manel?
Sou de Paços de Ferreira.

Há quem o queira associar ao personagem ao que ele respondeu.

Freamunde terra minha,
varanda da liberdade.
Do trabalho és a Rainha,
para quem parte é saudade.


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