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Saturday, August 31, 2013

Sei em quem não vou votar:

Estava sentado num banco na antiga Praça do Mercado a pensar na vida, no que ela se tornou, e dizia para os seus botões: não pode ser. Freamunde não merece esta desdita! Era assim que meditava o Rafael da “Bina”. No seu pensamento ainda ia as manhãs em que para ali se deslocava para receber a sombra das árvores e a frescura da água que subia e descia na Fonte Luminosa do Lago ali existente. Que bem lhe sabia! Com a evaporação e o vento das árvores a sua face recebia o salpicar da água como beatas recebem água benta. Estava ali todo prazenteiro. Neste vaivém de pensamentos, que neste momento eram irreais, pois o Lago e a Fonte Luminosa deixaram de ali ter o seu poiso, aproximou-se dele o Quim “Careca” que lhe pediu se podia sentar-se no banco.
- Porque não! Se o banco é público e a missão dele (banco) é dar poiso de quem dele necessita - respondeu Rafael da “Bina”. Aliás, continuou, antes havia vários mas não sei o motivo por que os estão a tirar. Se calhar querem fazer como o governo que está a tirar-nos tudo. Estas pessoas, nas escolas ou nas universidades, só aprenderam o verbo subtrair. Argumentaram que é para dar mais espaço para os divertimentos nas festas Sebastianas. Mas já vai em quase dois meses e não há maneira deles serem novamente colocados.
- Ouvi dizer, aqui entrou Quim “Careca” na conversa - que é com o intuito das pessoas passarem a ir com mais frequência para o Parque de Lazer! Será? É que eu há muito que não venho a Freamunde, embora seja aqui residente, mas como muitos tive de emigrar porque perdi o meu emprego e o subsídio de desemprego não dava para viver. Assim tive de me fazer à vida e ir para França.
- Então há muito que aqui não vem - disse-lhe Rafael da “Bina. Pois melhor que nós dá conta do mal que estão a fazer a Freamunde. Nós todos os dias nos apercebemos do que nos vão tirando. Quem vem de tempo a tempo melhor nota essas transformações.
-Transformações? - Diz Quim “Careca”. Se fosse anomalias vá que não vá! Ou acha que o Centro Cívico ou como lhe queiram chamar está melhor!
- Oh homem de deus não interprete mal as minhas palavras - disse Rafael da “Bina”. E… transformações tanto se pode aplicar para o bem ou para o mal.
- Eu sei, eu sei - respondeu o Quim “Careca”. Mas dá pena ver esta calamidade. Quando se candidatam à Junta de Freguesia prometem o céu e a terra, depois de ali estar, dizem que o dinheiro que o governo dá para as autarquias não chega a nada. Mas pactuam com isso. Não dão um murro na mesa e abandonam o cargo.
- Isso é que era bom - disse Rafael da “Bina”. Ficam com o gosto e não mais querem sair dali. É ver o que acontece com os que já completaram três mandatos! Vão candidatar-se a outras Câmaras ou Juntas de Freguesias. Devia ser como as juntas de bois: um ano ou dois.
- Tirou-me a palavra da boca - disse Quim “Careca”. Em França não se vê nada disso. Os eleitos têm um respeito pelos munícipes (ménages) que você nem julga. Ali anda tudo direitinho. Se assim não for nas próximas eleições não lhe dão o voto.
- Aqui não é assim - argumentou Rafael da “Bina”. Parece que quanto mais me bates mais gosto de ti. Não vê os outdoors. Da maneira que se apresentam parece que não fizeram parte da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal. Aqui basta mudar o candidato e tudo fica bem. Até parece que a culpa foi só do Presidente da Junta de Freguesia.
- É como no futebol quando os resultados não aparecem - contrapôs o Quim “Careca”, basta mudar de treinador. O pior é que os resultados continuam a não aparecer e volta-se a mudar o treinador. Quando se sabe quem devia ser mudado.  
- E, enquanto não se proceder assim tudo continua na mesma - estas palavras foram ditas por Rafael da “Bina”. E pode ficar ciente, porque o digo com toda a franqueza. Sei em quem não vou votar.

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