RSS
Facebook
Twitter

Friday, November 8, 2013

Ia a caminho de Belém:

Não era um passeio matinal mas sim obrigatório. Os transportes estavam todos em greve. Menos os táxis mas estes não chegavam para as solicitações. Assim tive de me fazer ao caminho. De S. Apolónia a Belém são os quilómetros a percorrer. Quilómetros, esses, que são passados a contemplar o embelezamento que aquele itinerário de Lisboa sofreu. Está mesmo bonito! E no que toca à limpeza nem dá para descrever. É mesmo um “brinco”.
Assim lá ia eu com a minha curiosidade e não deixava passar nenhum reparo em falso. Mas todos iam para o lado positivo. Por isso agora a minha melhor compreensão para a “banhada” que António Costa deu a Fernando Seara. Não foi o problema das petições cautelares. Não! Foi a obra que António Costa e sua equipa presentearam Lisboa.
À medida que avançava para Belém mais surpreendido ficava. Conheço Lisboa antes e durante a governação de António Costa à frente da Câmara Municipal. Como ia dizendo nem dava pela distância que tinha de percorrer. Fiquei incumbido de ir à Pastelaria de Belém para levar uns pastéis para a minha esposa. Gosta deles e quando me desloco a Lisboa faço os possíveis e impossíveis para a presentear com esta guloseima. A vida está má mas um dia não são dias. Por isso o não reparar no trajecto percorrido e a percorrer.
Até que cheguei às portas de Belém. E qual não foi o meu espanto de ver tanta gente ali reunida. O meu pensamento virou-se para: como é que me vou desenrascar para ser atendido na pastelaria. É que era um mar de gente ali nas imediações. Perguntei: o que se passa? E logo uma voz disse:
Não vê a confusão à porta do Palácio de Belém! Não vê que estão a retirar o inquilino dali! Qual inquilino! Perguntei? Olha…, olha! Não sabe quem é inquilino de Belém, respondeu-me a mesma voz com ar de desdém. Saber sei e muito bem. Mas também sei que quando um locatário é expulso da sua casa só pode ser por falta de pagamento da renda mensal! E que eu saiba o Aníbal Cavaco Silva está ali de graça. Quem paga a renda são os nossos impostos. 
São, são, responde a mesma voz. Mas não é por isso! Estão a fazer o mesmo que a Miguel de Vasconcelos. E já ouvi dizer que se não sair pela porta sai pela janela, disse a mesma voz. 
E a polícia! Respondi-lhe. Qual polícia qual carapuça, amigo! Acha que há alguém - tirando os seus familiares, amigos e beneficiários - que gosta dele! Nem pense. Aquilo não é um ser humano. É um robot. Só faz o que lhe mandam e assina o que lhe põem à frente. 
É como uma marionete, respondi-lhe. Qual marionete. Aquilo tem graça alguma! Pelo menos as marionetes que conheço são engraçadas. Não viu a Margarida Rebelo Pinto. Diz asneira atrás de asneira mas sorri com um sorriso cândido. Sabe que está a ser burra mas não desiste. Ao contrário o inquilino julga-se o maior sábio de Portugal. Não vê que sempre que se refere a algo diz: eu avisei.
Estava entretido neste diz tu, digo eu, quando ouço uma voz. Não te vais pôr a pé? Já são quase dez horas e tenho de fazer a cama e arrumar o quarto. Depois queres almoçar ao meio-dia para ires para o café e não tens o comer pronto. 
Que azar. Estava-me a saber tão bem o sonho. Não acreditam o prazer que estava naquele diálogo e a observar o golpe ao Palácio de Belém. Já nem me lembrava dos pastéis de Belém que fora o motivo da minha ida ali. O que mais me importava era ver a expulsão do inquilino como se referia a voz ao meu lado. Pensava para mim: que sorte em poder assistir a isto tudo. Quando chegar a Freamunde e contar aos meus amigos eles vão-se roer de inveja.
É que era única maneira de nos vermos livres de tal peçonha. Porque depois deste ia o seu afilhado. A este, bastava bater com o pé para ele não saber onde se meter.
Mas tudo não passou de um sonho. A realidade é bem diferente. Ali em Belém os ajuntamentos ou são à porta da pastelaria de Belém ou nos Jerónimos. Não há um mil seiscentos e quarenta. Há pelo contrário um mil quinhentos e oitenta.                  

0 comments:

Post a Comment

ban nha mat pho ha noi bán nhà mặt phố hà nội