"Notícias, há-as da produção de mel e cera, aliás como em todo o Portugal como referia Duarte Nunes de Leão ao escrever que dele era tanta "a cópia" que bastava a população e ainda se exportava.
Nos finais do Sec. XVI já não seria tanta a produção dada a tendência de incluir o açúcar na produção de alimentos, particularmente na doçaria de que a região era rica. E ainda é.
Quanto a cera era de longa data essencial à iluminação. Cera e cirios produzidos em todos os ovados e honrados pela festa da Senhora das Candeias pelo dois de Fevereiro.
Outra produção importante para a economia era a do linho de que se "faziam as delgadas e finas linhas e de maior alvura que há em todo o universo" exagerava um tanto Duarte Nunes de Leão. A qualidade dos linhos era tal que muito dele se exportava, através dos mercadores do Porto que aqui os procuravam com regularidade. Com a produção do linho, a arte de fiar e tecer impunha-se em todas as aldeias.
O quadro completava-se com a exploração dos moinhos de água, os fornos, alguns colectivos, tal como os lagares para a feitura do vinho e uma ou outra saboaria.
Uma referência à arte de tanoaria que nas zonas do litoral andava a par com a produção de conservas de peixe em sal e que na nossa região se destinava ao armazenamento de vinhos e a produção de louça doméstica vária para líquidos.
Tanoeiro havia-os em todas as aldeias. Nem todos seriam grandes artistas se atentarmos que se chegou a obrigar os artistas a marcarem as suas obras por forma a que se distinguissem os bons dos maus.
A arte de tecer
Destaque para a descrição que o Dr, João de Barros faz do imenso trabalho de mulheres entre Douro e Minho: "incansáveis tecedeiras e fiandeiras em que andam continuamente ocupadas." Tecedeiras e fiandeiras também da lã produto igualmente essencial à satisfação das necessidades domésticas. Tal como os ferreiros aos quais se pedia o fabrico de utensílios agrícolas e ferramentas domésticas, as mais diversas foices, foicinhas e enxadas, as facas, as tesouras, as esporas, as ferraduras, os candeeiros e as fechaduras das portas.O Ferreiro e a sua forja
Igual função exercia os oleiros da região. Mesteres e profissões de artistas locais cujo prestigio não cessou de crescer desde os finais do sec. XV, a par com uma aturada fiscalização a que eram sujeitos por parte das autoridades concelhias. Muitos deles organizados em torno de associações profissionais ou integrando confrarias e irmandades as quais emprestavam algum brilho por ocasião da respectiva festividade anual.Os produtos nem todos eram destinados ao comércio local. Os chamados "mesteres dos mantimentos de vender," encarregavam-se de os colocar na feira. Eram os padeiros, os carniceiros, os azeiteiros, os vendedores de lenha e demais regateiros e regatões quem de terra em terra procedia a respectiva distribuição. A distribuição era aliás um problema a que as autoridades regionais sempre estiveram atentas. A compra e venda de produtos permitia-lhes cobrar taxas. A passagem de mercadorias também. Do melhor ou pior abastecimento dependia também a acalmia das populações. O movimento seria por tal forma intenso que o próprio Frei Luis de Sousa diz que «toda a terra de Entre o Douro e Minho era feira contínua de comprar e vender e embarcar e mercadejar. Espaço económico para negócios. Espaço para convívio e festa. Espaço ainda para "arrecadar sisas e mais imposto».
Feira quinzenal em que noutros tempos os talhantes eram apelidados de carniceiros
Toda a região, de Freamunde a Penamaior, Frazão a Sanfins, foram Comendas da Ordem do Cristo. Passaram a Casa do Infantado e a reditos de outros nobres sejam eles Barbosas, Ferreiras, Botelhos ou Carvalhos.
Em todo o trabalho, a terra e a subordinação social eram o sistema. Como teia de relacionamento económico e social. Sistema que se reserva a propriedade primordial da terra para o rei e, através dele para os grandes senhorios deles dependentes. Por isso sistema de exploração de terra em que se dissociam trabalho e propriedade. Quem trabalha e não é proprietário e quem é proprietário e não trabalha a terra. A Casa do Infantado pertencia por inerência, às "jurisdições" e "Ouvidorias" dos povos. São os séculos de estagnação e dependência que só terminaram em 1836 com a criação do concelho de Pacos de Ferreira.
Durante todos estes séculos, só Freamunde parece destacar-se pelo dinamismo criado à volta das suas feiras. Dinamismo que lhe traz a criação de algumas unidades fabris. Todas pequenas no seu início artesanal, mas com destaque para a tamancaria e respectivos acessórios, para a latoaria, a fiação caseira e sobretudo o ferro forjado. Irradiando a partir dos centros feirantes, um comércio fixo a retalho enche-se de tudo e atrai a Freamunde gente das freguesias vizinhas. Mercadorias trazidas de todo o lado pelos Almocreves, homens sérios que por aqui passavam carregados com tudo, a caminho de Azurara. Com eles, as noticias, as inovações e a ventilação de ideias, algumas delas bem aproveitadas pelas gentes de Freamunde.
Almocreve a verificar a ferradura do cavalo
Vista aérea da (Fábrica Grande) Albino de Matos Pereira & Barros Lda.
Saída de operários da (Fábrica Grande)
Carteiras Escolares. Eram as usadas no meu tempo de escola
E não tinham mesmo, até pelo empenho dado à formação profissional do maior empregador da região. Autêntica fábrica-escola, por ela passaram os pioneiros da indústria do móvel do concelho e da região.
Caixa métrica
Mesa operatória
Do mobiliário escolar, passou-se ao mobiliário doméstico, ao mobiliário hoteleiro, de escritório e hospitalar. De tudo se fez e bem de tudo se aprendeu nesta fábrica. Na década de sessenta, viu-se reduzida por grande incêndio, um primeiro sobressalto a que a conjuntura económica posterior acrescentou outros mais e mais difíceis de transpor. Muitos dos operários que postaram para a fotografia. Ano de 1932
Actualmente a freguesia cresceu e soube diversificar como poucas as suas iniciativas industriais, dos têxteis, das confecções, a indústria metalomecânica até aos produtos afins e acessórios dos tratamentos médicos e de uso hospitalar."
Continua
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