Neste dia e hora, mais minuto menos minuto, o barco Vera Cruz dava três toques estridentes. Estes toques não eram de chegada mas de partida. A bordo dele iam milhares de soldados com destino a Angola onde também ia o autor deste texto. Não faltavam centenas e centenas de pessoas, uns familiares, outros amigos ou curiosos no Cais da Rocha Conde de Óbidos, em Alcântara, Lisboa. Ainda recordo o choro e os lenços brancos em sinal de despedida.
O meu pai acompanhou-me ali. As lágrimas em lugar de rolar pela face foram engolidas. Sim! Entre homens faz-se o possível e o impossível para que isso aconteça. Embora, quando a sós, seja o contrário.
Não tinha ali ninguém. Ainda bem. Já bastou o despedir-me de minha mãe e irmãos no dia catorze de Abril aquando da minha deslocação para a estação de caminho-de-ferro de Campanhã com destino a Santa Margarida onde se deu outra despedida triste mas entre homens.
O meu pai acompanhou-me ali. As lágrimas em lugar de rolar pela face foram engolidas. Sim! Entre homens faz-se o possível e o impossível para que isso aconteça. Embora, quando a sós, seja o contrário.
Foram oito dias e oito noites de viagem. No dia vinte e seis de Abril, de manhã, abandonamos o Vera Cruz e fomos transportados por um comboio cujos vagões pareciam de transportar gado. Mas, a diferença entre gado e carne para canhão não é muita e, era assim que éramos vistos e cognominados.
Quis a sorte que o regresso fosse a bordo de um Boeing 747. A chegada foi mais rápida. Só que alguns ficaram por lá. Uns, por conveniência de vida, outros porque a vida acabou-lhes e, ainda outro capturado pelo MPLA.
Aqui recordo essa partida em nome de todos que fizeram parte da Companhia de Caçadores 3341 do Batalhão de Caçadores 3838.
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