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Monday, September 30, 2013

Ao iniciar este meu discurso tenho quase a certeza que as palavras me vão faltar. 
Podem estar descansados que o discurso não vai demorar o tempo dos de Fidel Castro, também não vai ser tão curto como o de Américo Tomás e lento como o de Vítor Gaspar. Não tenho oratória e dicção. Mas tenho o discernimento para ir rebuscar ao baú das minhas memórias exemplos passados. Não foi preciso ir ao seu fundo. Este que quero relatar ainda se encontra ao cimo das minhas recordações, embora se passasse, há vários anos.
Não sou militante do PS e pouca simpatia sinto desde que José Seguro é seu Secretário-geral. Podem vir os apupos e assobios, tomates ou ovos chocos não, a não ser que tenham um fato para me oferecer como foi lema de uma outra candidatura com as camisas. Quando subi ao palanque preparei-me para tudo. E a minha verticalidade não dá para andar com rodeios. Mais a mais que neste tipo de eleições quem as vence é o seu candidato e não o partido. Embora ajudado por este.
Fui colega de Humberto Pereira - já que falo em Humberto aproveito para homenagear o outro que teve uma renhida… mas vitória - no Sport Clube Freamunde, embora uns anos mais novo, aqui uso ênfase para salientar estes dois grandes nomes: Sport Clube Freamunde e Humberto Pereira.
Parece que o estou a ouvir: - Vai. Luta. A bola é tua. Para haver vitória tem de haver sofrimento. Era isto que nos incutia. Sabia bem ouvir esses incentivos. Era um líder nato. Não só por ter sido um brilhante jogador. Mas por tudo.
E, ao olhar e ter acompanhado certas palestras de Armanda Fernandez, quantas vezes, me veio à memória seu pai. Os incentivos que empregava nas suas decisões. A capacidade de absorver as opiniões dos outros. O entusiasmo que demonstrava e o sorriso aberto após o porta- porta que diariamente fazia pelas várias ruas de Freamunde. Correu bem - dizia. Houve um caso ou outro mas desculpa-se porque quem o provocou é um pouco idoso ou analfabeto e vai no que lhe dizem. Mas amanhã metemo-nos de novo ao caminho. Porque o caminho faz-se caminhando e não podemo-nos dar ao luxo de deixar nenhuma rua ou casa sem a nossa visita. Grão a grão enche a galinha o papo.
Outro momento me vem à recordação. Quando Humberto Pereira via um jogador novato mais atrevido na arte de fintar e dizia: - é isso mesmo! Inventa para criar espaço a outros jogadores. Na política é a mesma coisa. Quanta vez é preciso ir buscar forças para driblar o adversário. Porque como num jogo de futebol há quem não jogue limpo numa campanha política. E principalmente a campanha do PSD não o foi. Foi um fartar de vilanagem. Por isso esteja onde estiver Humberto Pereira ao saber dos feitos da sua filha há-de dizer. Força rapariga. Mostra aí de que raça são os Pereiras.
Sei que estou a ser enfadonho mas não me deixassem subir a este palanque. Como disse não sou pessoa de grandes conversas mas quando as começo entusiasmo-me e não dou conta dos minutos passar. Horas! - É o que me está a dizer!? Não estou a dar por isso. E dizia eu que não era como Fidel Castro, Américo Tomás ou Vítor Gaspar. Mas quando se comemora uma vitória não se olha a horas gastas. Tudo sabe bem. Acreditem que sim. Os pequenos discursos são feitos por quem foi derrotado que é o mesmo que dizer o nosso verdadeiro adversário. Gastou pouca cera e usou mais o maldizer porque julgava que Armanda Fernandez já era uma defunta. Aqui se viu de que fibra são as Freamundenses. Esta vitória é das mulheres de Freamunde. Julgo que a Armanda concorda.
Estou com um dilema. Quando via a esposa do Presidente da Junta de Freguesia de Freamunde dizia: ali vai a primeira-dama! Qual o tratamento a dar ao marido da nossa Presidente da Junta de Freguesia?
E com esta pergunta termino sem deixar de desejar uma boa presidência à Armanda Fernandez.
Disse.

Sunday, September 29, 2013

João Sousa

Rui Costa

Saturday, September 28, 2013

A mensagem no meu telemóvel:

“Amigos, Todas as sondagens dão a vitória a Pedro Pinto e ao PSD! Com uma grande mobilização final podemos conquistar o melhor resultado de sempre! Não se deixe enganar pelas mentiras e pelo ataque à honra do nosso Presidente. Não acredite na manipulação dos números que o PS anda a fazer. A razão e a verdade estão connosco. Todos conhecem a verticalidade de Pedro Pinto.” Remetente 910528732.
Mensagem enviada na Quinta-feira para o meu telemóvel. Logo a seguir contactei o número que indicava quem a enviou mas ninguém atendia. Nunca fui contactado por nenhum elemento das campanhas eleitorais à Autarquia de Freamunde ou para a Presidência da Câmara de Paços de Ferreira por isso o meu espanto por saberem o meu número de telemóvel. Entendo que abusar-se deste tipo de coisas não é de quem joga limpo. Senão atendia a chamada que efectuei. Mas gostam de atirar a pedra e esconder a mão. Por isso levo para o campo que as sondagens lhes são desfavoráveis. Aliás o candidato Humberto Brito disse que o jornal Verdadeiro Olhar sabia o resultado e não o divulgou.
Depois o teor da mensagem é de deixar uma pessoa abismada. Quem prima pela seriedade e diz que todas as sondagens lhes dão a vitória e não a divulga dá a entender que há gato escondido com rabo de fora. Porque senão vejamos! Qual o partido que está à frente nas sondagens e tem receio de a divulgar? Quando assim acontece não a divulgam logo? Pelo menos para amedrontar o adversário e retirar-lhe força anímica e ao mesmo tempo incutir nos seus simpatizantes alegria e trabalho.
Mas chego à conclusão que realmente seja verdade. Pois como estão sempre a dizer só eles é que são os donos da verdade. Os outros, ou seja, o PS é que mentem. Não se lembram que o presidente-mor do partido do PSD é o maior aldrabão português. Tudo o que prometeu falhou. 

Friday, September 27, 2013

Morreu o Rei:

Nacos de vida. Poesia de Rodela:

Estou mais perto de mim

Cada vez estou mais perto de mim
porque digo o que sinto sem receio
e já não ligo se é bonito ou feio
aos olhos de outro alguém eu ser assim.

A minha porta nunca está fechada
quem precisar de vir falar comigo
vai encontrar aqui sempre um amigo
e um tecto para abrigar um camarada.

Deixem-me ser feliz desta maneira 
eu prefiro ver mais magra a carteira
mas viver como eu gosto livremente.

Dentro deste meu céu tão pobrezinho
afogado em mil rios de carinho
e adormecer num colo inteligente.

Último dia de campanha eleitoral:

Falta gastar os últimos cartuchos. Os candidatos à Presidência da Câmara Municipal apostam tudo em Freamunde. Fazem-no para ver se recebem dos Freamundenses o maior número de votos. Até mensagens aparecem via telemóvel. De alguns admitia-se. Não puderam mostrar o seu real valor porque nunca foram Presidente da Câmara. Agora Pedro Pinto não precisava de se socorrer deste meio informático. Teve tempo de sobra. Se fizesse uma boa presidência de câmara a sua campanha eleitoral nem tinha razão de existir. Os habitantes de todas as freguesias do concelho davam-lhe o voto principalmente os Freamundenses.
Mas durante quatro anos pouca importância deu à terra que habita. Digo, habita, porque num programa de televisão disse que era natural de Paranhos. Disse-o de tal forma que deu a entender que até a palavra foi soletrada ( P a r a n h o s). Podia- se referir a isso dizendo que foi uma contingência da vida, para depois dizer, que a terra que o viu crescer era Freamunde. Fosse soletrada ou não. Neste tipo de entrevistas tem-se (um) cuidado para a balança não pender para nenhum lado. E sabe-se que Freamunde perante as outras freguesias do concelho é mal visto.
Foi tema de conversa nos cafés, este desfazimento sobre Freamunde. A terra propriamente dita não sofre. Mas os seus habitantes sim. Gostamos deste torrão e queremos que gostem dele. Por isso as críticas unânimes.
Também podia olhar como Freamunde se encontra. Em dois mil e um recebeu o título de cidade e foi a partir daí que começou a decair. Chegando ao ponto de hoje parecer uma cidade fantasma. Começa-se algo e esse algo nunca tem fim. Há outros motivos.
Li no facebook que em dois mil e um abandonou uma sessão de câmara onde ia ser votado Freamunde a concelho. Por estas e outras há Freamundenses que não lhe perdoam. E… ele sabe isso.
Por isso o afinco e o gastar todos os cartuchos nesta campanha eleitoral. Também há quem diga que se for eleito vai fazer o mesmo que fez o Doutor Arménio Pereira: entregar a câmara ao seu vice.
No que respeita às campanhas aqui em Freamunde todos vão dar o máximo neste último dia. Não vão faltar quezílias e ataques pessoais. Julgo que se isso acontecer ninguém ganha. E quem mais perde é Freamunde. Freamunde precisa de todos.
Depois das eleições ganhe quem ganhar quero ver o Freamundismo que muitos dizem existir e que é esse o motivo da sua candidatura. Espero ver um fim de campanha digna dos Freamundenses.
Representem eles quem representar. 

Thursday, September 26, 2013

O sentir Freamunde:

Quando a tua mão direita der alguma coisa a esquerda que o não saiba. Vem isto a propósito de um encontro, há dias, com um Freamundense que sente a bom sentir o Freamundismo como é usual agora reivindicar-se. Dizia ele no alto da sua voz e emoção para a sua esposa, num jeito de apresentação, que eu era das pessoas que mais escrevia sobre Freamunde. Disse que não. Que o que me leva a escrever sobre Freamunde é o facto de levar aos Freamundenses, espalhados pelo mundo, novas sobre Freamunde. Só isso e nada mais que isso. Faço-o nesse intuito e não para ganhar projecção porque sempre tive como lema de ser um entretantos e não entretantos um.
Mas derivado aos meus escritos há textos mal interpretados. Não estou a fazer um pedido de desculpas, não sou pessoa disso, porque o que escrevo no meu blogue ou no facebook é a expensas minhas. Um blogue ou o facebook não são um jornal onde os seus escribas estão (deviam estar) sujeitos a um código deontológico. Têm um patrão que lhes paga e aí perdem parte da sua independência. Caso contrário do meu. Com esses é que lhes deviam exigir certa contenção nos escritos. Caso não o fizesse deixavam de comprar o dito jornal.
Comigo isso não se dá. Como disse o blogue é meu e escrevo sobre o que acho mas sempre com o respeito e urbanidade que é meu timbre. Foi assim que fui educado. Vou sempre para a crítica construtiva e não sou obrigado a fechar os olhos caso entenda que os deva ter abertos.
 Não posso criticar quem não tem culpa no cartório sobre os destinos de Freamunde. Não fazem ou faziam parte da Junta de Freguesia, a não ser oposição, onde os seus pontos de vista não são tidos nem achados. Mesmo que tenham valor são votados contra. Por isso quem tem estado à frente dos destinos de Freamunde tem sido os eleitos pelo PSD.
É a esses que os Freamundenses pedem (deviam pedir) contas. Não é por dá cá aquela palha atirar culpas e dizer que as medidas que adversários propõem para Freamunde não passam de aldrabices e que não tem experiência administrativa. Como sabem! Se essas pessoas nunca estiveram à frente dos desígnios de Freamunde. Mas… quando foi chamada para dirigir uma instituição que estava perto da ruptura e contra tudo e todos está a levantá-la, não recusou, mesmo sabendo a sua situação financeira. Não é um facto? Será que está a ser remunerada? Tentem certificar-se. Portanto quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele.
Se Freamunde se encontra no estado em que está há culpados: o Presidente da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia de Freamunde e todo o elenco que faz parte do PSD. Assumam as vossas responsabilidades e deixem de dizer que os outros são aldrabões e fazem batota.
Ou será que a quinze dias de eleições é que se lembraram que Freamunde precisa de obras e a toda a pressa vai-se acudir à Cerca, presa de Além-do-Rio e Parque de Lazer? Isto é forma de jogar limpo com os candidatos Armanda Fernandez e Nuno Leão! Acham que têm a mesma oportunidade? Com a verticalidade com que censuro o que se passa no Concelho de Paços de Ferreira, bastião do PSD, o faço onde se dá com outros partidos.
Podem argumentar que estas obras estavam previstas mas virem executá-las nesta altura acho puro oportunismo. Por isso o rotular que o “não vale tudo” está mal-empregado. O provérbio popular diz: “Se tens telhados de vidro não atires pedradas” Há outro com um português mais arcaico: - “Mãe! Chamaram-me prostituta. - Chama-lhes também! - Mas elas não são. - Não interessa… O que interessa é que conste.
Portanto nunca vi Freamunde tão mal. E caso não fosse isso não mudavam de candidato. Prevejo o mesmo caso voltem a ganhar. Não passam de promessas. Freamunde não merece isso. Em tempos havia quem o defendesse com unha e dentes. Publico uma foto antiga de Freamundenses que arregaçavam as mangas da camisa por Freamunde. Se hoje viessem a este mundo ficavam desiludidos com o que fizeram a Freamunde. É triste. Dá pena.

Wednesday, September 25, 2013

Às quatro da madrugada:

O dinheiro não é tudo! A dignidade é maior:

"Já me tinha esquecido da integridade. Deve ter sido isso que me fez chorar. É aquilo que tem António Arnaut, um dos fundadores do Serviço Nacional da Saúde (SNS) que, sofrendo de cataratas nos olhos, não só recusa todos os favores dos amigos para ser operado no sector privado, como insiste em ser operado pelo SNS, como qualquer utente anónimo.
No PÚBLICO foi justamente elogiado por denunciar a campanha cada vez mais descarada para propagandear as empresas hospitalares com fins lucrativos à custa dos hospitais públicos do SNS.
António Arnaut tem dinheiro e amigos para já estar livre das cataratas há mais de seis meses. Mas escolheu esperar e sofrer para ser igual às ideias dele. Que, no caso dele, foram tornadas em instituições que beneficiam todos os portugueses, salvando as nossas vidas. Há um aspecto, no entanto, que ainda é mais corajoso e honesto: é que António Arnaut, para além de rebelde, ainda acredita na qualidade do SNS que criou. Não é acreditar: sabe que o SNS tem qualidade. Tem é medo que a privatização obsessiva em curso liquide o SNS. Entenda-se: vender a algumas empresas endinheiradas, por um preço baixo, tudo o que pertence a todos os portugueses, por ter sido completamente pago pelos impostos que pagamos.
António Arnaut não é um mártir: é um grande político que usa todos os meios ao dispor dele para conseguir o que deseja para os outros. Para os outros, com ele próprio incluído. Ele quer ser - e é - como todos nós."
MIGUEL ESTEVES CARDOSO, PÚBLICO, 24/09/2013

Tuesday, September 24, 2013

24 de Setembro:

Celebrava hoje noventa e três anos caso fosse vivo. Há um bom par de anos que deixou este mundo. Recordo-o com eterna saudade. Uma lágrima vem espreitar ao canto do olho mas envio-a logo à procedência. Dele só gosto de recordar as coisas boas. Os conselhos que dava a mim e aos meus irmãos. Sei que todo o ser humano tem virtudes e defeitos. Mas o meu pai tinha mais virtudes que defeitos.
Passou uma vida de sacrifício para criar dez filhos. Trabalhava como um desalmado. Mesmo assim o dinheiro ao fim da quinzena minguava sempre. Doze bocas a comer e vestir-se dava muito trabalho. A minha mãe - coitada, há um bom par de anos que não está entre nós - também ajudava no pouco que havia: acarretar cestos de terra para a construção de uma qualquer casa, na lavoura, no serviço doméstico na casa da D. Engrácia e depois a vender sardinha.
Nessa altura as sardinheiras eram mal vistas e adjectivadas. Dizia para minha mãe. Porque não desiste! E ela retorquia. Porque a vida não o permite. Há quem diga que quem vende a sardinha come a galinha mas como vês a nós não acontece isso. Por isso o meu labutar para vos proporcionar uma melhor alimentação. Compreendia isso.
Quantas vezes vi o meu pai a querer dormir e o efeito do clarão da soldadura para soldar os pés das carteiras escolares não o permitia. O esbagoar era constante. Não eram lágrimas pela miséria que se passava. Eram do trabalho a que estava incumbido. Se fosse das da miséria eram um nunca mais acabar.
O meu pai era um pacato trabalhador num país prudente como gosta João César das Neves. Também foi um cidadão obediente. Nunca viveu para além das suas possibilidades e a viagem mais longa que fez foi ir a Lisboa em serviço e esperar-me quando regressei do ultramar. 
E teve outra grande obediência. Foi a de estar poucos anos reformado. Parece que adivinhava que se vivesse mais anos ia ter alguém a criticá-lo. Por isso a sua verticalidade.
Estou a lembrar estes episódios e não sei se os meus irmãos estão de acordo. Mas como não sou pessoa de ir pôr um ramo de flores na sua campa em lembrança do seu aniversário faço-o com este pequeno e humilde texto.
Bendito o dia vinte e quarto de Setembro de mil novecentos e vinte.        

Viva o desejo do ministro Crato!

Um dia, Nuno Crato anuncia querer acabar com o inglês das Atividades de Enriquecimento Curricular - isto é, nas atividade fora do tempo de aula em que além de se aprender a conjugar o verbo to be se pode aprender a tocar ferrinhos. E, três dias depois, ontem, o mesmo Crato anuncia que afinal ele "deseja" que o inglês seja obrigatório no ensino básico. Quer dizer, não quer menos inglês, quer mais. "Deseja-o" até como disciplina curricular. Eu fico quase encantado que o ministro (o ministro desta semana, entenda-se) deseje que a aprendizagem do inglês seja no 1º ciclo e ela seja obrigatória. Clap! Clap! Clap! Mas, aplausos entusiasmados dados, estou perplexo com o erro de comunicação do ministro. Por que razão, ao anunciar a decisão de acabar da semana passada, Crato não a explicou logo com a magna (apesar de só "desejada") decisão de ontem? Os cínicos dirão que não estando à espera de reação tão enérgica da opinião pública em defesa do ensino do inglês, o ministro teve de dar alguma volta ao prego. E, até, foi obrigado a compensar mais (embora só no domínio dos desejos) do que antes recuara. Essa versão não é muito laudatória sobre a coerência do ministro mas o que conta, aqui, é a boa vontade. Inglês mais cedo e obrigatório! Gosto, embora por enquanto seja tão ilusório. Lamento só que o ministro não vá mais longe que o desejo, e não reconheça que é gastando bem que se combatem os nossos défices - que não são só contas.

FERREIRA FERNANDES no DN

Monday, September 23, 2013

Conversa entre amigos:

O Luís da “Emilinha”, o António “Mono” e João “ Manso” há dias que não se viam. As conversas tidas entre eles quase sempre pendiam para o futebol. O primeiro era adepto do Benfica, o segundo do Sporting e o terceiro do Porto. Tinham discussões acesas mas nem por isso se chateavam ao ponto de se deixarem de falar. Até diziam que da adversidade nasce a camaradagem. Que estar sempre de acordo é um modo de bajulice. Porque em tudo na vida o ser humano tem posições antagónicas. Se assim não fosse imitávamos os burros porque estes só abanam a cabeça e relincham. Por isso a amizade vinha de longe.
Mas neste encontro as coisas estiveram feias. O tema era a política e tal como no futebol cada um tinha a sua cor partidária. Falavam da maneira como decorria a campanha eleitoral e como se apresentavam os candidatos à Presidência da Junta de Freguesia da sua terra. O Luís da “Emilinha” era um fervoroso militante do Partido Comunista Português e para ele nestas eleições a CDU era tudo. Que o facto de uns terem tudo, e outros nada ter, estava mal. Aqui era confrontado pelos outros compinchas. Que noutros tempos a CDU apostou forte e feio mas derivado a erros na escolha dos seus candidatos levou à desmobilização de uns quantos. Que agora a única solução era alcançar a eleição de um vereador na Junta e Assembleia de Freguesia.
O António “Mono”, um socialista dos sete costados, disse que a verdadeira intenção da CDU era roubar votos ao PS. Que a terra está um cãos e não se vê um pacto entre ambos para derrubar a Junta de Freguesia. Dizes bem. Argumentava o Luís da “Emilinha”. Já ouvi essa de um camarada teu. O que vós queríeis era o nosso apoio. Porque não apoiais a CDU. Ouve lá, disse o António “Mono”! Numa sociedade por quotas vais pôr o sócio minoritário a mandar no maioritário? Acho que não! Agora que digas que se deviam fazer uns acertos, isso devia.
Sabes como nós somos. Só fazemos alianças com quem for de esquerda, disse o Luís da “Emilinha”, e como vós sois iguais ao PSD não conteis com nenhuma aliança. Mais vale só que mal acompanhado. Isso, isso, disse o António “Mono”. Repara na satisfação com que está a receber essas tuas palavras o João “Manso”! É só sorrisos a cada frase que proferes. E não é para menos disse o João “Manso”. Cada um cose com as linhas que têm.
Sim! Disse o João “Mono”. Ainda bem que falas assim. Realmente mostrais as vossas linhas. E de que maneira! Até já chegais ao desplante de andar de porta em porta a oferecer camisas e esferográficas. Se fosse uma camisola com o símbolo do partido como todos fazem, vá que não vá, porque os outros partidos também fazem o mesmo, agora camisas! Da maneira que isto vai quando se chegar aos últimos dias da campanha ides oferecer fatos, gravatas e até sapatos.
E que bem sabe recebê-los, disse o João “Manso”. Tenho falado com alguns que receberam as camisas e dizem que vieram numa boa altura.
Eu, rais me parta, se tinha lata para receber camisas numa campanha eleitoral, disse o Luís da “Emilinha”. Que ao vesti-la pela primeira vez ela tivesse um pó igual às urtigas e a comichão fosse tanta que não a suportasse.
Também assim não. Retorquiu João “Manso”. Sabeis que as pessoas têm dificuldades e necessitam destas dádivas. Falas assim porque é o teu partido que assim procede. Caso fosse outro criticavas. Rematou Luís da “Emilinha”.
Eu digo mais. Foi assim que entrou novamente António “Mono”. Há um bom par de tempo que se mantinha calado mas aqui não resistiu e disse: Ainda há pouco estive com um amigo que me disse que recebeu camisas da campanha do PSD. Foi ao comício do PS bebeu umas cervejas e comeu umas sandes de porco no espeto. Disse-lhe eu: recebes camisas do PSD, comes e bebes no comício do PS e, de certeza vais votar na CDU. Não! Isso não. Disse-me ele. O meu voto está destinado no PS mas por influência da Armanda Fernandez. Então para a Câmara Municipal o teu voto vai para Pedro Pinto, perguntei-lhe? Ainda não sei. Ainda faltam uns dias e até lá vou ver como se comportam, rematou esse meu amigo.
Por isso digo que neste tipo de campanha quem assiste não quer dizer que seja um voto garantido. Sabeis o que me disse um amigo, exclamou o António “Mono”, não revelo o nome porque era trair a confiança que deposita em mim. Disse-me que lhe vieram pedir para integrar a lista de um partido, aqui também não digo qual, como devia favores a essa pessoa não pôde recusar e tem trabalhado conforme lhe indicam mas que no dia das eleições vai ser fiel ao partido do seu coração.
Disse-lhe: mas assim não vai ser eleito! Não faz mal, respondeu ele. Também não estava em posição de ser elegível. Portanto é como diz o ditado: “não sirvas a quem serviu e não peças a quem a pediu.” E… eles valeram-se da minha fragilidade. Mas eu vou-lhes dar a fragilidade. Portanto pode crer que não voto em quem faço campanha.
E com isto terminaram os seus pontos de vista. E quem lê este texto está ciente que o voto garantido é uma falácia. Se fosse de braço no ar sabia-se como tinha sido a votação. Portanto digo. Sou como S. Tomé. Só acredito se vir. Porque andam uns tantos a enganar outros tantos. E não vale a pena contar a história do senhor Silva! Acho que não.

Sunday, September 22, 2013

Gente da Nossa Terra:

Mais um livro nasceu da autoria de Vitorino Ribeiro (Inô Vítor) e António Taipa (Rodela). Esta é a forma de dar vida a quem nos deixou e lembrar os que ainda se encontram entre nós e que seja por longos anos. Por isso o lançamento do livro no dia de ontem 21/09/2013. E, acreditem que foi lindo. Houve um pouco de tudo. Declamação dos versos por familiares, pelos próprios retratados e declamadores convidados para o efeito assim como canções e um fado intitulado “Gente da Nossa Terra” em que a letra é do fado da Mariza (Oh Gente da Minha Terra) superiormente cantado por Sílvia (Capô).
Via-se nos olhos de quem assistia e de quem constava no livro um brilho de satisfação. Assim como dos familiares dos que já partiram. A estes vinha à memória as peripécias antigas ali contadas no verso do Rodela e na caricatura do Vitorino. Uma lágrima ou outra apontava no canto do olho. Era de alegria e saudade.
Freamunde é assim. Possui talentos para dar continuidade e lembrar um dia mais tarde às novas gerações o que foram os seus antepassados: “Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdio se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção). Mais tarde Freamunde.”
Era assim que ali estava representado Freamunde. Do mais humilde ao mais ilustre todos couberam ali. Vitorino Ribeiro e António Taipa gostam que assim aconteça. Não se preocupam com as horas gastas desde que seja para elevar Freamunde. E… Freamunde merece-o. Devemos-lhe tudo.
Sabe-se que uma terra não é nada sem os seus habitantes e os seus habitantes sem a sua terra. Por isso quando vemos elogiar este torrão ficamos orgulhosos mesmo que as palavras consistam nisto:
Freamunde! "Não: a terra não é positivamente, das mais bonitas!... Mas a paisagem humana... essa é divina e rara...!" Rui de Carvalho, numa visita a Freamunde.
Quantos não gostariam que estas palavras fossem dirigidas à sua terra? Muitos! Mas não têm sorte. Não é em qualquer terra que têm entre os seus filhos Vitorinos Ribeiro e Antónios Taipa.

Saturday, September 21, 2013

Humor fim-de-semana:

Um rapaz vai para Lisboa estudar, mas ainda o primeiro semestre não tinha acabado já tinha gasto o dinheiro que o pai lhe deu. Então ele tem uma ideia brilhante.
Telefona ao pai e sai-se com esta:
- Pai, não vais acreditar nas maravilhas aqui na universidade. Pois não é que aqui há um curso para ensinar os cães a falar?
O pai, um homem simplório, fica maravilhado:
- E como é que faço para que aceitem o Rex?
- É só mandá-lo para cá com 5.000 EUR que eu faço a matrícula.
E o pai é claro, cai na conversa e segue a orientação do filho.
Passados mais alguns meses, o rapaz fica novamente liso e liga outra vez:
- E então, meu filho? Como vai o Rex?
- Fala pelos cotovelos, pai. Mas agora abriram um outro curso aqui, para os cães aprenderem a ler.
- Não brinques! E podemos matricular o Rex?
- Claro! Manda-me 10.000 EUR que eu trato de tudo!
E o pai, mais uma vez, manda o dinheiro.
O tempo vai passando, o final do ano vai chegando e o rapaz dá-se conta que vai ter que se explicar. O cão não fala uma palavra, não lê porcaria nenhuma, enfim, continua exactamente como sempre.
Sem nenhuma consideração, solta o pobre bicho na rua e apanha o comboio de volta para casa.
A primeira pergunta do pai não podia ser outra:
- Onde está o Rex? Comprei uma revista sobre animais, para que ele leia.
- Pai, nem imaginas. Já tinha tudo pronto para voltar, quando vi o Rex no sofá, a ler o jornal, como fazia todas as manhãs. E então saiu-se com esta:
"Então, vamos para casa... Como será que está o velho? Será que continua a comer aquela viúva que mora na casa da frente?"
E o pai… rapidamente:
- Bufo de m*rda... Espero que tenhas metido um tiro nos cornos desse filho da p***, antes que venha falar com a tua mãe!
- Mas é claro, pai. Foi o que fiz!
- É assim mesmo, filho!...
Dizem que o rapaz se formou na Universidade Lusófona, e que se tornou um político de renome...

Friday, September 20, 2013

Porta a porta:

A campanha eleitoral autárquica continua e ainda por mais uns dias. Aliás, ainda faltam mais do que os que passaram. Noutros tempos não faltavam pessoas a dirigirem-se aos comícios que regra geral eram ao ar livre, outros, em recintos fechados. Eram acalorados mas… dirigidos às suas hostes. Ali tudo batia palmas. Fazia lembrar uma claque de futebol a puxar pela sua equipa. Assim se andou anos e anos até que o povo deixou de ir em cantigas. Também os políticos, derivado aos não cumprimentos das suas promessas, desistiram deste tipo de fazer política.
Depois passaram a andar de café em café a entregar os seus panfletos. Mas sabe-se que a maioria do eleitorado não está no café. Por isso é preciso inovar. O eleitorado precisa de saber mais dos seus representantes. Precisa de confronto. Precisa de opinar. Não é só debitar no papel.
Assim, o porta a porta, é uma das melhores soluções. Não é chegar à caixa de correio e meter lá dentro o programa do partido. Porque atrás dessa caixa de correio existe gente. Gente que lhe dá o voto e que espera o melhor deles. Por isso há que não ter “medo” do confronto.
Pode haver uma reacção recíproca. Mas quem anda neste tipo de campanha tem de estar preparado. Em conversa com alguns, disseram, que está a ser um sucesso. Que nunca esperavam tal recepção. Pessoas humildes mas que lhes estão a dar lições do que é a vida. E continuou - vale a pena o esforço diário despendido. Agora se vamos ser recompensados não se sabe. Mas tem de ser Maomé a ir à montanha e não o seu contrário. Por isso o meu cansaço. Também acho que sim. Mas é uma das formas de mudar a maneira de fazer política. Os habitantes de Freamunde merecem esse sacrifício. Por isso entendo, que o porta a porta, é uma mais-valia da maneira de fazer política.
Continuem.
PS - Andei pelo facebook à procura de fotografias da campanha porta a porta e só encontrei da campanha da Armanda Fernandez. Da campanha de António Correia só na feira quinzenal. Do Nuno Leão nenhuma.  
Como o tema é o porta a porta só apresento da Armanda Fernandez.

Thursday, September 19, 2013

Carta aberta a uns pedaços de merda:

Olá, amiguinhos do FMI. Eu sou o ratinho branco. Desculpem estar a incomodar-vos agora que vocês estão com stress pós-traumático por terem lixado isto tudo. Concluíram vocês, depois do leite derramado: "A austeridade pode ser autodestrutiva." E: "O que fizemos foi contraproducente." Quem sou eu para desmentir, eu que, no fundo, só fiquei com o canto dos lábios caídos, sem esperança? O que é isso comparado com a vossa dor?! Eu só estiquei o pernil ou apanhei três tipos de cancro, mas é para isso que servimos nos laboratório: somos baratos e dóceis. Já vocês não têm esses estados de alma (ficar sem emprego, que mau gosto...), vocês são deuses com fatos de alpaca e gravata vermelha como esses três novos que acabam de desembarcar para nos analisar os reflexos. "Corre, ratinho branco!", e eu corro. Vocês cortam-me as patas: "Corre, ratinho branco!", e eu não corro. E vocês apontam nos vossos canhenhos sábios: "Os ratos sem pernas ficam surdos." Como vocês são sábios! E humildes. Fizeram-nos uma experiência que falhou e fazem um relatório: olha, falhou. Que lição de profissionalismo, deixam-nos na merda e assumem. Assumir quer dizer "vamos mudar-lhes as doses", não é? E, amanhã, se falhar, outro relatório: olha, falhou. O vosso destino, amiguinhos do FMI, eu compreendo. Vocês são aves de arribação, falham aqui, partem para ali. Entendo menos o dos vossos kapos locais: em falhando e ficando, porque continuam seguros no laboratório?
FERREIRA FERNANDES
No DN
"A nossa entrada (na CEE) vai provocar gravíssimos retrocessos no país, a Europa não é solidária com ninguém, explorar-nos-á miseravelmente como grande agiota que nunca deixou de ser. A sua vocação é ser colonialista".
"A sua influência (dos retornados) na sociedade portuguesa não vai sentir-se apenas agora, embora seja imensa. Vai dar-se sobretudo quando os seus filhos, hoje crianças, crescerem e tomarem o poder. Essa será uma geração bem preparada e determinada, sobretudo muito realista devido ao trauma da descolonização, que não compreendeu nem aceitou, nem esqueceu. Os genes de África estão nela para sempre, dando-lhe visões do país diferentes das nossas. Mais largas mas menos profundas. Isso levará os que desempenharem cargos de responsabilidade a cair na tentação de querer modificar-nos, por pulsões inconscientes de, sei lá, talvez vingança!"
"Portugal vai entrar num tempo de subcultura, de retrocesso cultural, como toda a Europa, todo o Ocidente".
"Mais de oitenta por cento do que fazemos não serve para nada. E ainda querem que trabalhemos mais. Para quê? Além disso, a produtividade hoje não depende já do esforço humano, mas da sofisticação tecnológica".
"Os neoliberais vão tentar destruir os sistemas sociais existentes, sobretudo os dirigidos aos idosos. Só me espanta que perante esta realidade ainda haja pessoas a pôr gente neste desgraçado mundo e votos neste reaccionário centrão".
"Há a cultura, a fé, o amor, a solidariedade. Que será, porém, de Portugal quando deixar de ter dirigentes que acreditem nestes valores?"
"As primeiras décadas do próximo milénio serão terríveis. Miséria, fome, corrupção, desemprego, violência, abater-se-ão aqui por muito tempo. A Comunidade Europeia vai ser um logro. O Serviço Nacional de Saúde, a maior conquista do 25 de Abril, e Estado Social e a independência nacional sofrerão gravíssimas rupturas. Abandonados, os idosos vão definhar, morrer, por falta de assistência e de comida. Espoliada, a classe média declinará, só haverá muito ricos e muito pobres. A indiferença que se observa ante, por exemplo, o desmoronar das cidades e o incêndio das florestas é uma antecipação disso, de outras derrocadas a vir".
Natália Correia
Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 - Lisboa, 16 de Março de 1993

Wednesday, September 18, 2013

Ouçam este talento:

Parece uma bola de neve:

Como se sabe ou se escreve as grandes coisas nascem de pequenos nada. É o caso da bola de neve. De um pequeno “farrapo de neve” que começa a rolar e à medida que esse rolamento vai fazendo o seu percurso o pequeno farrapo passa a médio e de médio a grande. 
Este percurso faz-se de cima para baixo. É como a água do rio: só desce. Ao contrário os movimentos cívicos, partidos ou organizações fazem o seu trajecto subindo e descendo. Mais o primeiro que o segundo.
Por isso quem se mete nestas andanças tem sobressaltos e por vezes questionam: - Como me estou a sair? A minha palavra passa? Será que na campanha porta a porta as pessoas vão-me receber? Será que vão ser educadas comigo? Mas de uma coisa podem estar certas. Se não o tentar vão morrer com essa interrogação. Por isso e para sair dessa interrogação nada como meter os pés a caminho.
Depois vêem como a maioria das pessoas são afáveis. Quando a causa o justifica só pode haver boas palavras. E no que concerne à candidatura e campanha de Armanda Fernandez isso tem resultado. A fazer fé no que diz os autores do evento e pela demonstração dos que se deixam fotografar. Uns para serem simpáticos outros porque comungam dos ideais do Partido Socialista e ainda outros porque aderem às medidas que Armanda Fernandez preconiza no seu programa eleitoral e pela sua simpatia.
A prova provada é que à medida que o tempo vai decorrendo o pequeno “farrapo de neve” vai-se transformando numa grande bola de neve. O que é preciso é não dar o “ouro ao bandido” como diz o bom povo português. Para isso é preciso não fazer ondas. Sabe-se de antemão que as ondas puxam a chuva. Que a chuva é água.
Que a água transforma o que é sólido em líquido. E… esse líquido em cima da bola de neve derrete-a. O que Freamunde precisa é de uma bola de neve do tamanho dos muitos Freamundenses que o construíram e não de quem o está a destruir. É preciso fazer os possíveis e impossíveis para essa bola de neve se manter sempre sólida. Não só durante a campanha eleitoral.
Por isso dá gosto ver muitas mulheres de Freamunde a ir assistir à actuação do Ensamble Vocal de Freamunde, na Associação dos Socorros Mútuos, que o Partido Socialista lhes ofereceu. Saíram todas sorridentes quer com o evento quer com a lembrança.
Os olhos e sorrisos demonstravam isso. Por isso quando uma mulher disse: Vivam as mulheres! Apeteceu-me concluir a frase que há muito era dita em Freamunde quando se elogiava algo. Que era: “mais a nossa burra”.

Está a acontecer. Já se apercebeu?

Está a acontecer. Aquilo que nem nos passava pela cabeça que pudesse acontecer está mesmo a acontecer. Está a acontecer cada vez com mais regularidade as farmácias não terem os medicamentos de que precisamos. Está a acontecer que nos hospitais há racionamento) de fármacos e uma utilização cada vez mais limitada dos equipamentos. Está a acontecer que muitos produtos que comprávamos nos supermercados desapareceram e já não se encontram em nenhuma prateleira. Está a acontecer que a reparação de um carro, que necessita de um farol ou de uma peça, tem agora de esperar uma ou duas semanas porque o material tem de ser importado do exterior. Está a acontecer que as estradas e as ruas abrem buracos com regularidade, que ou ficam assim durante longos meses ou são reparados de forma atamancada, voltando rapidamente a reabrir. Está a acontecer que a iluminação pública é mais reduzida, que mais e mais lojas dos centros comerciais são entaipadas e desaparecem misteriosamente. Está a acontecer que nas livrarias há menos títulos novos e que as lojas de música se volatilizaram completamente. Está a acontecer que nos bares e restaurantes há agora vagas com fartura, que os cinemas funcionam a meio gás, que os teatros vivem no terror da falta de público. Está tudo isto a acontecer e nós, como o sapo colocado em água fria que vai aquecendo lentamente até ferver, não vemos o perigo, vamos aceitando resignados este lento mas inexorável definhar da nossa vida coletiva e do Estado social, com uma infinita tristeza e uma funda turbação.
Está a acontecer e não poderia ser de outro modo. Está a acontecer porque esta política cega de austeridade está a liquidar a classe média, conduzindo-a a uma crescente pauperização, de onde não regressará durante décadas. Está a acontecer porque, nos últimos quase 40 anos, foi esta classe média que alimentou cinemas, teatros, espetáculos, restaurantes, comércio, serviços de saúde, tudo o que verdadeiramente mudou no país e aquilo que verdadeiramente traduz os hábitos de consumo numa sociedade moderna. Foi na classe média — de professores, médicos, funcionários públicos, economistas, pequenos e médios empresários, jornalistas, artistas, músicos, dançarinos, advogados, polícias, etc. —, que a austeridade cravou o seu mais afiado e longo punhal. E com a morte da classe média morre também a economia e o próprio país.
E morre porque era esta classe média que mais consumia — e que mais estimulava — os produtos culturais nacionais, da literatura à dança, dos jornais às revistas, da música a outro tipo de espetáculos e de manifestações culturais. É por isso que a cultura está a morrer neste país, juntamente com a economia. E se a economia pode ainda recuperar lentamente, já a cultura que desaparece não volta mais. Um país sem economia é um sítio. Um país sem cultura não existe.
Durante a II Guerra Mundial, quando o esforço militar consumia todos os recursos das ilhas britânicas, foi sugerido ao primeiro-ministro Winston Churchill que cortasse nas verbas da cultura. O homem que conduziu a Inglaterra à vitória sobre a Alemanha recusou perentoriamente. “Se cortamos na cultura, estamos a fazer esta guerra para qué?” Mutatis mutandis, a mesma pergunta poderíamos fazer hoje: se retiramos todas as verbas para a cultura, estamos a fazer este ajustamento em nome de quê? Mas esta, claro, é uma questão que nunca se colocará às brilhantes cabeças
que nos governam.
Nicolau Santos no Expresso

Tuesday, September 17, 2013

A oitava e a nona:

A OITAVA E A NONA AVALIAÇÕES,
ou
A OITAVA E A NONA SINFONIA BURRICAL,
ou será
A OITAVA E NONA SINFONIAS BURRICAIS?

"De tantas vezes ler e, sobretudo ouvir, à guisa de matraca assassina, a expressão que me serve de título a este escrito, senti-me esta tarde de tal arte agoniado, que as torneiras do vómito se desenroscaram sem que me restasse outra opção (não cheguei a tempo de pôr as mãos nos gorgomilos) que não fosse a de lançar a carga enjoativa ao mar da carpete da sala onde leio, escrevo, ouço música, deixo cair os olhos fatigados no mar do Canal para os desfadigar e, nos interregnos, ainda ouço os noticiários televisivos nauseantes, repisados até à quintessência do Português mascavado… Alguns dos nossos locutores e jornalistas precisavam de uma quarta classe bem tirada, seguida de um exame rigoroso, com ditado e redacção, e só se passassem com boas médias a Língua Materna poderiam ser admitidos a um estágio intensivo antes de desempenharem o seu mester de informar os ouvintes e os leitores. Nem por isso deixou a Ilha de São Jorge, à minha frente, de continuar ornamentada de azul-cobalto, estriado de roxo, de verde tenro, laivado de cinzento-claro, e de outros matizes interpostos e infindos, numa mescla alucinada e alucinante de cores que pincel algum de pintor famoso seria capaz de capturar… Se ela os ouvisse, tingia-se de luto fechado e cobria-se de nevoeiro à espera que Dom Sebastião chegasse de Alcácer-Quibir…
Aqui, na Ilha do Pico, o tempo é de vindimas, com a crise em pano de fundo menos remoto do que se esperava. Aí, no Continente, a es­tação dos incêndios deixou há instantes de cumprir com lealdade a função para que fora destinada, matando oito bombeiros, asfixiando e desertificando boa parte deste País. Acaba de declarar por sua honra que vai cair em letargia durante algum tempo, a fim de ressus­citar com mais vigor para de novo subir ao palco da tragédia. En­quanto está hibernando, chegou a tróica para tecer outro tempo – o da Oitava e Nona Avaliações… Porquê avaliações e não avaliação? A oitava avaliação; a nona avaliação = a oitava e a nona avaliação! Se­gunda e Terça-feira, ou Segunda e Terça feiras? Primeira e Se­gunda Classe, ou Primeira e Segunda Classes? Primeiro e Segundo Sargento, ou Primeiro e Segundo Sargentos? Primeira e Segunda Trompa, ou Primeira e Segunda Trompas? Quem nos tira a plurali­dade tira-nos tudo… Até o Presidente da República, que é um barra na Língua e História Pátria, ou Língua e História Pátrias? (não nos esqueçamos do famigerado nunca fiz, não faço, nem façarei, nem da dúzia de cantos dos Lusíadas…), ele, vede bem, disse esta manhã a oitava e a nona avaliação… Paulo Portas afirma e infirma, conforme a hora, o lugar, ou a parte do dia em que é escutado. Hoje de manhã disse certo: Oitava e Nona Avali­ação; à tarde foi mesmo irrevogável: Oitava e Nona Avaliações! Afinal, tudo isto não passa de uma ques­tão de opiniães ou de avaliaçães, ou de cidadões, como disse há tempo quem sabe da poda e da política portuguesa ou portuguesas? Ao fim da tarde telefonei para a SIC-Notícias. Atendeu-me uma jo­vem deli­cada, a voz macia e segura. Disse-lhe ao que vinha. Respon­deu-me que ia passar a chamada a quem de direito. Passou. Identifi­quei-me, disse da minha justiça e pedi ao senhor de direito que transmi­tisse o meu reparo a quem tivesse poder de reunir os jorna­listas da estação e lhes dissesse como deviam dizer a expressão ou lhes desfi­zesse o erro… Que sim, mas não concordava comigo. Trata-se de duas ava­liações diferentes, daí estar certo dizer-se Oitava e Nona Avalia­ções… Perguntei-lhe se também dizia que ia ao giná­sio à Quinta e Sexta-feiras. Não, respondeu-me. E eu: não são, como as avaliações troicanas, dias da semana diferentes? Calou-se… E as­sim vamos trincando, truncando e troicando a Língua e a Gramá­tica Portuguesa e os miolos de muita gente pensadora e pensionista! Ou não será a Lín­gua e a Gramática Portuguesas?"

Monday, September 16, 2013

Antes foi o medo que tomou posse dos ancilosados salazaristas que em 25 de abril de 1974 viram ruir a ditadura cadáver que os alimentava. Abutres insaciáveis. Compraram um cão. Aliás, vários cães. Amestrados, como convinha. Chamavam-se Alpoim Calvão, Ramiro Moreira, António Spínola e mais uns quantos. Tudo cães grandes ou assim-assim. De dente arreganhado, rosnantes. Raivosos contra a revolução, contra a liberdade, contra a democracia, contra a Constituição que entretanto tinha sido aprovada por representantes do povo numa Assembleia Constituinte pautada por uma vasta maioria de esquerda, incluindo o Partido Socialista. Os mastins, obedientes às vozes dos donos tudo faziam para regressar ao “antigamente”. Donos salazaristas, fascistas. Chapalimauds, Melos, Espiritos Santos, Bulhosas e mais uns quatro ou cinco. Essas eram as famílias donas de Portugal, de Salazar, dos políticos fascistas e colaboracionistas de então. Mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades, como deixa entender a canção. Nessa época muito ouvida nas rádios imbuidas de fervores democráticos e revolucionários. Era a vontade do povo. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, agora. É a vontade de alguns, de uma minoria que tem vindo a labutar para o regresso ao “antigamente” enchendo a boca de palavras mentirosas, dizendo-se democratas e defensores da justiça, da liberdade. Mas atacando sistemáticamente a Constituição da República – que já foi revista, em muito, a favor das famílias que agora são donas dos políticos, dos partidos, das seitas e máfias que estão a sequestrar Portugal e os portugueses. Como se não bastasse, essas famílias, nacionais, abriram o leque a famílias de outras nacionalidades num jogo de toma-lá-dá-cá-pra-mim. É o nepotismo e a corrupção. Assente naquilo que devia ser a Assembleia da República mas que é assembleia dos lobies, das negociatas confessadas e por confessar, das leis feitas à medida de intrujices presentes e futuras. Paulo Morais diz claro que assim acontece e os denunciados nem se dão ao trabalho de desmentir ou de querer defender o “bom nome”. Nem o têm. Quem cala consente. Consente porque é verdade o denunciado. Todos vimos. Uns mais que outros. As máfias partidárias reunem-se em parlamento e depois dizem que estão na Casa da Democracia, vulgo Parlamento, vulgo Assembleia da República. Da República? Qual? A República dos mentirosos e corruptos apontados ainda ontem por Vasco Lourenço, coronel, capitão de abril. Triste. Triste e revoltado foi como se viu e vê aquele Vasco ao falar do seu país (que se queria democrático). Deram título no Expresso: “Vasco Lourenço inconformado com “país sequestrado pelo medo“. Triste. Tristes e revoltados, mas contidos – é como se vê os portugueses que habitam no desemprego, na miséria, na fome, na injustiça, para que os banqueiros e as famílias nacionais e estrangeiras, donos(as) dos partidos do “arco do poder” continuem o esbulho do povo e do país enquanto conseguem. Sim, porque um dia destes os portugueses deixarão de ser contidos e um novo abril poderá acontecer em qualquer dia, em qualquer noite, em qualquer semana, em qualquer mês. Presume-se e teme-se que violento. Em vez de cravos serão exibidos cardos ou conjuntos de piteiras. Depois é que vão ser elas, as contas justas e injustas que acontecerão – como acontece sempre nos ajustes de contas com aqueles que se julgam com poderes ditatorias a coberto de “engenharias democráticas” baseadas em sistemáticas mentiras e golpes palacianos. Os abutres voltaram e estão a dominar Portugal, são os mesmos e ainda mais uns quantos que se lhes juntaram dizendo que “estão a ajudar Portugal”. Estão? Não se dá por nada disso. Antes pelo contrário. Por isso disse Vasco Lourenço, ontem, pesaroso e indignado: “Porque não sonharmos que poderemos, hoje e aqui, voltarmos a dinamitar uma situação que parece inexpugnável?” – interrogou-se o capitão de Abril. Disse à Lusa, no Expresso. E mais: O militar disse estar inconformado por Portugal se ter tornado “num protetorado de forças estrangeiras” [numa alusão à 'troika'] e estar a ser dirigido por pessoas que “tudo espezinham para manterem lugar à mesa dos poderosos”. Pois sim. O que tem de acontecer tem muita força, não é coronel? Não é, portugueses miserabilizados por uma súcia de abutres e compinchas instalados nos partidos do “arco da governação”? Querem ver que ainda vem lá borrasca e o medo vai mudar de sítio? Limpinho.
Balneário Público

Sunday, September 15, 2013

Alguns moradores gostaram que ocorresse ali outros torceram o nariz. Nestas coisas é fácil haver estes antagonismos. É sinal que se vive em democracia. Sou dos que quando me convém assisto, quando não dou interesse, afasto-me. Por isso e como moro no local em que se realizava a sessão de esclarecimento desde o início da tarde fui para casa. 
Não para guardar lugar, mas sim, porque em Freamunde a partir de uma certa hora pouca gente se vê na rua, ou seja, no centro de Freamunde. E não é só de segunda a sexta-feira. Também aos sábados isso acontece. E o que os leva a fazer isso?
Dizem que é por causa de em Freamunde as tascas e casas de repasto não existirem. Assim, vão por aí afora e encontram as que lhes convém e passam um bom bocado de tarde. Pena Freamunde não estar preparado para essa finalidade: dizem. Já contrapus dizendo que deve ser pelo pão de fora ser mais saboroso. Disseram-me que não. Por isso o meu aconchego a casa ainda cedo.
Às vezes aproveito por pôr a minha escrita em dia que o meu blogue a isso me obriga. Foi o que aconteceu ontem. E quando estava a escrever um texto ouço o tocar de buzinas de carro e com curiosidade vim à varanda para me certificar do que se passava. 
Era uma pequena caravana de carros (cerca de 20) que faziam campanha pelo PSD. Até aqui tudo bem. As estradas são ponto de passagem e os donos dos carros pagam o imposto de circulação tem todo o direito de circular. Só que o voltaram a fazer em sentido inverso e parando em frente ao palanque que estava a ser preparado para a sessão de esclarecimento do PS, buzinando. Aqui notei uma certa provocação. 
Sei que o candidato do PSD, António Correia, não se fazia acompanhar por afazeres familiares. Porque senão fosse assim não permitia a segunda passagem uma vez que naquele lugar há bastantes alternativas de acessibilidades. Admirei-me de alguns que ali se faziam acompanhar ter tamanha atitude. Sempre os tive com certa urbanidade e aqui não se trata de claques como no futebol. Penso eu. Porque se assim for continuo a dizer que quem perde é Freamunde.
Daqui faço um apelo aos candidatos à presidência da Junta de Freguesia de Freamunde para alertar os seus apoiantes para que atitudes destas, ou outras, não se repitam. Os locais alugados ou emprestados durante uma sessão de esclarecimento devem ser sagrados: tipo Embaixada.
Sobre a sessão de esclarecimento entendo que correu bem e das mais participadas. Houve um pouco de tudo. Porco no espeto, cerveja, conversa entre amigos, ajuntamento de outros que noutras eleições apoiavam outro candidato e a actuação de Pedro Cachadinha & companhia. Quanto a mim uma boa aposta pois com o seu cantar ao desafio animou as hostes e de que maneira.
Nas várias conversas uns diziam que mudavam o seu sentido de voto. Que nestas eleições preferiam que o seu voto tivesse o efeito de “voto útil”. Por mim também digo o mesmo. Já o fiz nas outras eleições dando-o a Armanda Fernandez. É o que vai acontecer. E, que me desculpe o Nuno Leão e Nuno Neto. Não quero ficar com o peso na consciência que por um voto Armanda Fernandez e Humberto Brito não ganharam as eleições. E pelo motivo de ao dar o voto a eles (Nuno Leão e Nuno Neto) é o mesmo que o dar a António Correia e Pedro Pinto. Ouço esta argumentação da boca de muitos Freamundenses. São muitos anos do mesmo e sempre o mesmo. Se fosse para melhor o meu voto tinha outro sentido. Como é sempre o mesmo aposto na mudança. Vou fazê-lo por Freamunde.
Se daqui a quatro anos sentir que não valeu a pena modifico o meu sentido de voto. Sempre no voto útil. Porque nas autarquias deve estar primeiro a terra e a sua gente. 
E na candidatura da Armanda Fernandez e Humberto Brito é nisso que apostam e empenham a sua palavra. Porque terra sem pessoas não é terra nenhuma. É um deserto. E… é nisso que Freamunde se está a transformar.
Por isso termino dizendo: Que venha mais uma sessão de esclarecimento à minha porta de Armanda Fernandez que não torço o nariz.
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