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Monday, December 23, 2013

Os cinquenta anos do G. T. Freamundense:

O dia vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três ficou célebre no coração dos Freamundenses. Há dias que são mais felizes que outros. Ou porque relembram datas que perduram para todo o sempre ou datas mais singelas. Foi o que aconteceu com o evento realizado a vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três. 
A ousadia de levar à cena a opereta em dois actos com o nome Gandarela podia dar em duas coisas: insucesso ou sucesso. Quando se produz algo há que pensar nestas duas hipóteses. Quis a sorte ou destino que fosse sucesso. E… então passados cinquenta anos há que festejar esse acontecimento. São muitos anos em cima da carcaça de qualquer ser humano. E uma longa vida numa Associação. Para festejar nada mais que reunir os seus mentores ainda vivos e quem também viveu esses acontecimentos. Fui um dos felizardos. Assim ontem revivi o vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três. 
Para que não passasse despercebido aos Freamundenses - a mim não - logo de manhã foram lembrados com o estoirar de cinquenta bombas de foguete. Tantas quantas a efeméride. Assim aprontei-me para ir assistir à missa das dez horas  em memória dos actores e de mais membros do G. T. Freamundense. Aqui residiu a minha primeira surpresa. Quem ia celebrar a missa era o nosso conterrâneo Padre Arlindo Pinto. 
Dei conta disso quando se dirigia para o local que serve de sacristia no Salão Paroquial. Passou por mim, cumprimentou-me e, referiu-se à cor do meu bigode: branco como a cor da neve! Mas contracenou logo: não posso ironizar porque a minha calvície também é profunda. Apeteceu-me retorquir: quem andou não tem para andar e nada melhor que não esconder a beleza da Natureza.
Entrou-se na dita missa. Não sou um praticante assíduo mas algumas vezes ali vou e admiro a forma como o Padre Brito, Pároco de Freamunde, as celebra. Com homilias dignas de ser ouvidas. Boa dicção, boa locução e entoação. Quem ali vai dá o tempo por bem empregue. Pelo menos nas vezes que vou, dou-o.
Nunca tinha assistido a uma missa celebrada pelo Padre Arlindo. Como todos os Freamundenses sabem anda à volta do Mundo: África, Ásia, continente Sul Americano e Europa. O pertencer aos Missionários Combonianos assim o exige. Foi uma missa diferente das que estou habituado. “Mais tu para lá e para cá” como se ousa dizer.
Com isto refiro-me a ser mais participativa com os fiéis, sejam eles, crianças ou adultos. Depois perguntar o nome às crianças para as tratar pelo nome cai bem. E assim fazia perguntas ao Pedro, ao Nuno e à Carolina. E… Carolina que nome bonito! Desabafou. Perguntava o que explicou na homilia. E... assim fiquei a saber que “Emanuel” quer dizer "Deus connosco". Há coisas que levam uma vida a aprender. Mas nunca é tarde.
A homilia ia para o seu fim. Interroguei-me. Não vai falar no G. T. Freamundense? Mas a minha interrogação foi fugaz. Porque para a celebração da missa em memória do G. T. Freamundense nada melhor que um Freamundense. Não porque o Padre Brito não esteja a par do que se passa em Freamunde. Está e tem contribuído para que a cultura de Freamunde seja uma realidade. Mas não viveu o nascer da Opereta Gandarela. E o Padre Arlindo sim. Vivia “paredes meias” com o local do espectáculo. 
Tenho a certeza que sabe trautear toda a música da opereta Gandarela e de cor as canções. Por isso nada melhor para celebrar a missa e fazer o elogio ou critica das pessoas que conheceu e não estão entre nós: Alberto Matos, Alfredo Rego, Costa Alves, aqui soletrou “o meu pro fes sor de his tó ria” e Fernando Santos. Outros e outras não foram lembrados como: Zulmira Viana, Cacilda Costa, Ricardo Manassés, António Lopes e Zeca “Pataco”. Mas também não se podia lembrar de todos e a missa já ia longa. Às onze horas havia que rumar aos cemitérios nº. 1 e 2 para prestar a homenagem devida aos enumerados em cima e as onze horas há um bom par de minutos que tinham deixado de o ser. 
Às dezasseis horas continuava o evento. Havia a sessão solene, comemorativa do cinquentenário no “Auditório Fernando Santos” na Casa da Cultura. Para ali me desloquei pelas quinze horas e quarenta e cinco. Mas houve um grande atraso. Só pela volta das dezassete horas se deu início. Cantaram Carla Lopes - do Frei Fado del Rei - e Fernando Correia temas da Gandarela que foram acompanhados pelo imenso público que enchia o Auditório Fernando Santos.
Depois, Nelson Lopes fez uma longa retrospectiva do G. T. Freamundense. Falou de todas as peças que o G. T. Freamundense levou a cena. “O Comissário de Polícia, Sapo e a Doninha, Amor de Perdição, As Árvores morrem de Pé” e, tantas outras que com medo de esquecer alguma não vou enumerar mais. Fê-lo com ardor que até comoveu a assistência. Também ele estava muito emocionado.
Seguiu-se Francisco Graça, presidente do G. T. Freamundense que fez um rasgado elogio a estes cinquenta anos. Por vezes a fala começou a falhar-lhe. Estávamos a ver que íamos ficar sem orador: tal era a emoção. Também falou a Presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, Armanda Fernandez, que disse que a Junta tudo fazia em prol do G. T. Freamundense e das mais colectividades existentes em Freamunde. Humberto Brito foi o último orador. Demonstrou estar a par da situação do G. T. Freamundense. Até referiu que já tinha incumbido um arquitecto para se pôr a par das necessidades da Associação dos Socorros Mútuos Freamundense. Que se ia dar início a beneficiações e com a ajuda da Junta de Freguesia - esta contribuía com os materiais - para as obras serem uma realidade e não continuar como promessa. Não esquecendo de referir as dificuldades que a Câmara Municipal de Paços de Ferreira atravessa. Tudo decorria normalmente.
Deu-se a entrega de prémios a várias individualidades e instituições. Entre elas: Carvalho Machado & Filhos Lda., Gomes e Gomes, Serração de Leigal e outros mais. Como sócios beneméritos, Júlia Taipa, A. Vieira e J. C. A.. Foi entre palmarias que os prémios foram recebidos. É bonito o reconhecimento para quem dá um pouco de si e seu. 
Depois foram homenageados os actores e colaboradores. Entre eles: Nelson Lopes, Mariazinha Correia, Fernando Correia, Alberto Graça - este prémio foi entregue às netas dado a impossibilidade do mesmo não poder estar presente - e Vitorino Ribeiro. Só que aqui surgiu uma situação de injustiça - quanto a mim - porque deviam outros também serem homenageados. Estou-me a referir a Maria José Ribeiro da Costa que foi quem desempenhou o primeiro papel de “Aurora” uma das sardinheiras da Gandarela. Aliás, a peça desenrola-se quase toda na sua personagem. Entendo que devia de haver mais cuidado com estas atribuições. Uma festa, principalmente comemorações, deve ter o contributo de unir e não desunir e ali sentiu-se uma desunião para com a Maria José. Quando a convidaram para ir ao palco, para ali também interpretar canções que interpretou como “Aurora”, rejeitou esse convite de forma veemente o que é raro noutras circunstâncias. 
Como o texto já vai extenso acabo com um reparo de maior importância. Todos os Freamundenses têm a noção se não fossem os caprichos de uma pessoa o dia vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três não existia na forma como existiu. Nem hoje se dava este evento. Referenciar tão pouco Fernando Santos neste dia é fraca gratidão. Fernando Santos merecia mais. Ele foi o expoente máximo do G. T. Freamundense e dos maiores divulgadores da cultura de Freamunde. Por isso estes cinquenta anos a ele são devidos.                        

Prendas do Pai Natal:

Por estarmos na quadra das oferendas e como a situação das famílias portuguesas é difícil o blogue "Coisas que podem acontecer" apresenta uma modalidade fictícia para que cada um escolha a sua oferenda. Para isso basta clicar aqui para que a escolha se concretize. 

Wednesday, December 18, 2013

Cinquenta anos é muito tempo:

Faço este intróito para publicar o texto escrito a vinte e nove de Maio do ano passado sobre o Grupo Teatral Freamundense (G. T. F.) e a opereta Gandarela que publiquei no meu blogue nesse dia. Resolvi repeti-lo porque ali revelo factos e estórias vividas em mil, novecentos e sessenta e três. Entre esse ano e hoje distanciam-se cinquenta anos. E cinquenta anos é muito tempo para uma colectividade, mais a mais quando o Governo, Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias retiram a essas mesmas colectividades parte do subsídio que atribuíam.
É também sabido - principalmente pela maioria dos habitantes de Freamunde - que de dez em dez anos o G. T. F. põe em cena a opereta Gandarela. Evento de louvar e, este ainda mais, porque vem recordar e homenagear o seu mentor falecido há anos. Por esse motivo e, julgo ser bastante, para incluir neste texto este intróito onde quero lembrar Fernando Santos (Edurisa Filho), para mim, o expoente máximo da cultura Freamundense.
Relato nele - texto - como disse factos e estórias próprias da época. E… como as vivi. Hoje em dia há um sem número de coisas a que socorremos para passatempo. Naquele tempo era os programas de televisão. Só havia a RTP e só um canal. Ia dizer o primeiro mas nem isso se podia dizer que para se dizer primeiro tem de haver pelo menos um outro. Mas não. Era tudo a preto e branco como era a preto e branco a situação do País. Que faria a Gandarela! Lugar pobre mas honrado. 
Por aqui fico. Já vou um pouco extenso mas não queria deixar, aos que me lêem, notícias do cinquentenário da Opereta Gandarela que vai a cena dia vinte e dois de Dezembro de dois mil e treze.

Recordar é viver

“Estávamos no ano de mil novecentos e sessenta e três. Freamunde não era o que é hoje, aliás, o mundo estava em pleno desenvolvimento. Portugal tinha recebido um revés nas suas províncias ultramarinas. A quatro de Fevereiro de mil novecentos e sessenta e um dá-se a revolta em Luanda, com ataques à Casa de Reclusão, ao quartel da PSP e à Emissora Nacional, acção considerada como o início da luta armada em Angola. Já tínhamos o assalto ao paquete Santa Maria, levado a cabo pelo Capitão, Henrique Galvão, a evasão a Goa, Damão e Diu, o que acabou por acontecer em Dezembro com a sua tomada por parte da India.
A RTP estava em franco desenvolvimento mas ainda não chegava a todos as localidades de Portugal Continental. As notícias eram dadas através da RDP durante as vinte e quatro horas e a televisão só abria os seus estúdios a partir das dezanove horas. Ansiávamos por notícias. Muitas famílias tinham os seus familiares a cumprir o serviço militar nas províncias ultramarinas, principalmente em Angola, Moçambique e Guiné e nada se sabia, para além da correspondência trocada entre ambos. O senhor Hernâni Cabral, de tempos, em tempos, expunha um filme que era exibido em frente da barbearia do Rosário e Aprígio da “Riqueta” na casa pertença da família Torres, àquela época. A parede exterior fazia de tela. Era um mar de gente a assistir aos filmes, geralmente sobre Charlot e no início os comentários davam-nos uma panorâmica sobre a vida mundial.
Para ocupar o tempo e a vida cultural dos Freamundenses o senhor Fernando Santos (Edurisa Filho) e outros, resolveram criar uma peça de teatro e assim levantar de novo o Grupo Teatral Freamundense. A peça, uma opereta, teve um nome ousado: Gandarela. Constava-se que era uma sátira sobre aquele lugar. Sobre ela nada se sabia. Parece que todos os actores foram incumbidos de nada revelar o que acabou por acontecer.
No lugar da Gandarela começou a criar-se grupos de oposição pois os residentes, a maioria ali nascida, não queria que andassem a gozar com a sua desdita. Sabiam que eram de um lugar, em que a maioria dos outros, se julgavam superiores, caso do lugar da Feira, que tinha a sorte de ser o centro da vila. Mas como em tudo, para haver ricos tem de haver pobres, senão não se diferenciava as classes sociais, à Gandarela aconteceu a sina dos mais humildes.
Entre os seus filhos havia de tudo: pedreiros, trolhas, sardinheiras, vendedores de feiras, operários fabris e alguns que viviam à custa do alheio. O receio deles era serem retratados pelos maus motivos o que acontecia no teatro de revista que nos apresentava a RTP e as radionovelas. A família dos Loreiras, com o Quim e o Abílio à cabeça, tudo fizeram para saber se era essa a intenção, chegando a solicitar ao seu irmão Teodoro, que era empregado da fábrica do Calvário, pertença do sogro de Fernando Santos, que ali também era gerente, do que constava a peça. De nada valeu. A peça continuava nos segredos dos deuses.
Os dias e os meses decorriam assim como os ensaios do teatro que agora eram duas vezes por semana. Ultimavam-se os preparativos e o mês de Dezembro estava à porta. Se por parte dos residentes do lugar da Gandarela havia curiosidade sobre o que a peça retratava, por parte do encenador e restantes actores, havia uma certa ânsia sobre a forma como a peça ia ser recebida por parte dos Freamundenses, principalmente os residentes da Gandarela.
Até que chegou o dia vinte e dois de Dezembro de mil novecentos e sessenta e três. Era um domingo. Neste tempo trabalhava-se de segunda-feira a sábado, das oito horas às dezassete, havendo firmas que tinham um horário diferente: das sete às vinte horas, caso da indústria têxtil. Sabia-se que ia ser uma enchente. Os bilhetes estavam quase todos vendidos, poucos eram, os disponíveis nas bilheteiras. Abriram-se as portas para dar entrada ao público. Havia um ou outro morador da Gandarela que foi assistir à estreia. Acompanhava-os um certo receio.  Mas queriam ser dos primeiros a saber o que havia para mostrar da sua Gandarela. 
O lugar da Gandarela era um amontoado de casas que os anos foram consumindo, ruas muito estreitas, gente pobre mas laboriosa, alguns com idade avançada, que se dedicavam aos ofícios da época, algumas mercearias que também se dedicavam ao serviço de tabernas, aonde se juntavam alguns clientes a dar azo à sua desdita, vivas às vitórias do seu Sport Clube Freamunde onde vários dos seus filhos o representavam. E que jogadores se tornaram! Basta referir o Quintela, Ivo e os Mirras. Era disto que os seus moradores gostavam de ver retratado assim como os amores e desamores, os que partiram para a guerrilha do ultramar, enfim um pouco de tudo.
Entre actores foi dita a palavra talismã: "merda". Todos a disseram em uníssono, o que representava um bom início. Soaram as pancadas de Molière. Faltava correr as cortinas e entrar em cena os primeiros actores. Todos ficaram deslumbrados! Actores e espectadores. Os primeiros pela recepção que tiveram. Ainda não tinham pronunciado uma palavra e já lhes batiam palmas. Em Freamunde é assim. Quando se vê ou se ouve ser referida pelas melhores acções, os Freamundenses não resistem e demonstram um dos seus melhores sentimentos: a gratidão. Era o que acontecia nesse momento. Os cenários e caracterização já valia o tempo dispensado e o dinheiro gasto na aquisição do bilhete. Até os moradores da Gandarela que ali se encontravam mostravam-se encantados com o que viam. Dali para a frente era estar atento ao que era dito.
Há medida que o espectáculo decorria o agrado era cada vez maior. Além dos cenários que davam uma real imagem da Gandarela as canções tocavam nos sentimentos daquela gente. “Gandarela, Gandarela! / De ti muito mal se diz, / mas a verdade revela. / Que mais vale uma chinela. / Que um sapato de verniz!... / Deixa lá falar quem fala / Que a inveja é que os faz falar! / Não é isso que te rala, / Pois a ti ninguém te cala / Se tens que desabafar...” Era e é verdade. Não são um povo impostor. Se tem que desabar, desabafam, ainda que com isso sejam prejudicados.
Acabou o primeiro acto. Os espectadores aproveitaram para apanhar ar e fumar um cigarro. A maioria era para desabar e saber a opinião dos restantes sobre o que estavam a ver. Alguns mais velhos lembravam que fez bem a interrupção de dez anos. O que agora viam era de uma verdade nua e crua sobre um lugar que conheciam bem. Nas outras peças interpretadas há dez anos sabiam o que elas relatavam mas não tinham conhecimento de causa, a não ser na revista “Freamunde é Coisa Boa”.
À medida que o espectáculo decorria em que os cenários eram mudados para dar lugar a outras cenas a admiração era maior. Não havia dúvidas. Fernando Santos tinha unicamente a intenção de valorizar um lugar pobre de Freamunde em ex-libris. Demonstrar que aquela gente muitas vezes ironizada com frases: és da Gandarela... nota-se bem! Não correspondia à verdade. Os músicos da Banda de Freamunde acomodados no porão davam os seus acordes nas várias canções sobre a Gandarela.
Eis a Gandarela / Olhai pra ela /Se quereis aprender / Como, num momento, / O sofrimento / Se muda em prazer!... / Lá vai jovial / Não tem rival / Pra cá da serra da Agrela! / Ninguém a confunde / E até Freamunde / Não era nada sem ela!...” O público tinha tomado o tom da música e trauteavam as canções. Era bonito. Parecia uma simbiose.
O espectáculo caminhava para o seu fim. Via-se nos rostos e olhos, quer de actores e público, um brilho rasgado de alegria. Alguns diziam: passava aqui a noite a ver este espectáculo. Outros, que parecia que se estava numa sala de teatro da capital a ver uma companhia profissional tal era o rigor que os actores empregavam aos seus papéis. Até que se ouve através de som de fundo e aqui o público apercebeu-se do seu final. 
Ah, gente da Gandarela! / Bairro pobre, mas honrado! / Vale mais a tua chinela / Que pantufa de fivela / Ou sapato envernizado!... / És pobre. Porém espanta / Tua alegre condição!... / Gente que sofre e que canta:  / A alma junto à garganta / E, nas mãos o coração... / Gente tão mal compreendida, / Que não a querem compreender!... / Mostra aos outros o que é vida:  / Diz-lhes que é prazer e lida / Diz-lhes que é rir e sofrer!”
O público, todo de pé aplaudia. Os actores tiveram de vir por várias vezes ao palco para receber os aplausos e agradecer a bondade deles. Na última aparição trouxeram o seu encenador, Fernando Santos, e os aplausos eram tantos que a sala parecia que vinha abaixo. Aqui ouviu-se os poucos moradores da Gandarela que assistiram ao espectáculo, dizerem: Bravo, a Gandarela e o seu povo é isso! O que confirmo. Foi naquele lugar que vim ao Mundo.
Mas, mal sabíamos a fama que ia ter a nossa Gandarela.”

Friday, December 13, 2013

Feira dos capões:

Se não fosse a má disposição do Cônsul Romano, Caio Cânio, cansado da perda de sono por causa do cantar dos galos, conseguiu fazer aprovar uma lei impeditiva da existência destas aves na cidade de Roma. Houve quem contornar-se esta lei. Não olhando ao sofrimento desses galináceos, quem os possuía, arranjou forma de os capar. Assim saiu-lhe toda a altivez e passou a capão. Se não houvesse a ideia de os capar no dia de hoje não se dava este evento em Freamunde.
Julgo ser doloroso tal acto. Mas há males que vêm por bem. Por que traz benefício para quem os cria. Nesta quadra natalícia não há mãos a medir. Não só os criadores como a restauração. À pala disso ganha a Santa Luzia.
Feira/festa que se celebra todos os anos no dia treze de Dezembro e que traz bastante gente até Freamunde. Uma parte para satisfazer promessas, outra para vender e outra para comprar não só capões. Nesta feira há toda a variedade de artigo. Do mel às nozes e pinhões, a quadra é propícia, vestuário, artigos hortícolas e frutícolas e outra variedade de artigos que estas feiras proporcionam aos visitantes. Pena haver pouco dinheiro para tanto artigo. O comércio local, ávido de negócio, agradece esta dádiva que antes quinze dias do Natal lhes aparece porta adentro. Sabe-se como está difícil a vida. Por isso todos os cêntimos que venham são de bom grado.
De há anos a esta parte a Associação de Jovens ao Futuro (AJAF), juntamente com a Junta de Freguesia de Freamunde, Confraria do Capão, Câmara Municipal de Paços de Ferreira e Restauração do concelho envidam todos os esforços para que cada vez mais a feira dos capões seja um êxito.
Não falta publicidade e eventos sobre esta feira. Antes oito dias, um restaurante por noite - os que entram no concurso - confecciona um capão para se apurar o melhor confeccionado e assim ganhar o primeiro prémio. No dia doze o júri escolhido para o efeito elege o restaurante que melhor confeccionou o capão. Além deste evento acontece outros para publicitar a feira e a terra. Tudo é preciso. Assim como durante uns dias no Aeroporto Sá Carneiro é exposto num cabaz um capão com o seguinte dizer: “Vim passear ao Porto e Norte!”
Por falar nisso e para que fique escrito nos anais da história de Freamunde, há uns anos na Marcha Alegórica das festas Sebastianas, um carro era alusivo ao marceneiro que aqui foi nado e criado. Em Paços de Ferreira resolveram implantar na Rotunda uma estátua a lembrar essa efeméride mas como patente deles. Mas é pertença de Freamunde. Acontece que esse carro alegórico retratava essa estátua com os seguintes dizeres: desculpem a minha ausência por três dias mas não resisti de ir às festas à minha terra (Freamunde).
E verdade seja dita. A arte de marceneiro nasceu aqui em Freamunde. Albino de Matos, no início do século passado, deu realidade à indústria do mobiliário em Freamunde e com isso a profissão de marceneiro. Mais tarde com a confecção de material didáctico tanto em madeira ou ferro. Para isso foi criada a fábricaAlbino de Matos Pereira & Barros Lda.
Acontece o mesmo com a exposição do capão no Aeroporto Sá Carneiro. Ele não foi só passear. Foi mostrar-se para que quem passa pelo aeroporto tenha conhecimento do evento que Freamunde leva a treze de Dezembro. Esperamos que não nos venham surripiar também este evento. Vontade não falta. Além da feira também se celebra o dia de Santa Luzia protectora da visão.
Vem muitos crentes assistir à missa (11 horas) para satisfazer promessas de vários pontos do concelho e concelhos limítrofes. A Capela de S. António no centro da cidade, de pequena dimensão, ainda se torna mais derivado à afluência de crentes. Se não fosse o Largo de S. António onde também se juntam muitos crentes a assistir à missa que a ouve através da aparelhagem sonora não sei como satisfaziam as promessas. Faço este reparo para afirmar da maneira como é venerada a Santa Luzia pelos crentes. Tem sido muita referenciada a feira dos capões e levada ao conhecimento pelos quatro cantos de Portugal. Assim, além da publicidade doméstica, há também a que é feita pela Comunicação Social ou através do Facebook e Blogues.
Pena que o dia ameace com chuva. Assim, quer feirantes e compradores passam por momentos arreliadores para satisfazer os seus anseios. E os capões, que têm um lugar coberto, também sentem esses momentos de arrelia. Mais a mais quando se dá o momento do seu concurso. Andaram durante dias todos garbosos, para agora estarem de crista caída, derivado à chuva. É assim. Mais um ano a profecia triunfou: Conceição se sol Luzia de Chuva.

Hino de Santa Luzia :


Ôôôôôôôô aaaah...
Ôôôôôôôô uuuh...

No tempo em que era até proibido
Alguém proclamar-se cristão
No império de homens cruéis, sem escrúpulos
E repletos de corrupções

Eis que surge uma linda donzela
Corações se pulsaram por ela
Mas Luzia tinha em si uma luz
Conduzir os homens nos passos de Jesus

Óó virgem Santa Luzia
Interceda ao Pai, peça a Jesus
Rogai ao Espírito Santo de Deus
Óó virgem Santa Luzia
Luzia é luz, vem brilhar nossos dias
Luzir nossos caminhos

Ôôôôôôôô aaaah...
Ôôôôôôôô uuuh...

Hoje em dia a comunidade caminha
Também em meio a tribulações
São pessoas sofridas e oprimidas que buscam
Alegria e paz em seus corações.

Eis que surgem cristãos que se organizam
Seguindo o exemplo de Santa Luzia
Essa gente é no mundo uma luz
Que conduz o povo nos passos de Jesus

Óó virgem Santa Luzia
Interceda ao Pai, peça a Jesus
Rogai ao Espírito Santo de Deus
Óó virgem Santa Luzia
Luzia é luz, vem brilhar nossos dias
Luzir nossos caminhos

Ôôôôôôôô aaaah...
Ôôôôôôôô uuuh...

Sunday, December 8, 2013

Oito de Dezembro:

Neste dia já foi celebrado o dia da Mãe. Por isso sempre gostei dele que para além de nos recordar essa efeméride ainda se festeja o dia de Nossa Senhora de Conceição. Gosto de o referir e talvez quem me leia ache-me chato ou pai coruja. Mas não se trata disso. Unicamente, gosto de o lembrar, porque assim recordo a minha meninice e esse dia. Naquele tempo, criança que era, dava outro valor que hoje homem não dou embora continue a gostar dele como referi.
Recordo a tasca do senhor Ramiro que neste dia recebia os fregueses para comer uma isca de bacalhau, uns bolinhos do mesmo peixe e beber uma copada de vinho tinto ou branco. Devido às condições reduzidas de espaço uma grande parte dos fregueses vinha para as imediações pôr a conversa em dia, quer fosse sobre a Banda da Música ou do Sport Clube de Freamunde, quer sobre a vida difícil que a política dessa altura nos reservava.
O vinho por vezes levava para estoicismos, que de outra maneira não eram aconselháveis o que fazia por vezes dizer-se coisas indevidas. Mas sabe-se como era o povo antigamente. Festa que o fosse tinha de haver pancadaria. E, então era raro naqueles tempos não haver uma qualquer escaramuça. Assisti a algumas. Também o ramo de loureiro exibido à porta da tasca do senhor Ramiro anunciava a venda de vinho o que hoje deixou de ser tradição.
Ali à beira havia a garagem de bicicletas do Neca “Baião” que alugava bicicletas entre as quais de criança. Era um regalo ver as crianças a andar de bicicleta num jardim com canteiros ali no largo de S. Francisco. Quem se recorda dele? Muitas delas foi ali que aprenderam a conduzir bicicletas. Não foi o meu caso. Não possuía dinheiro para pagar o aluguer. Assim só aprendi mais tarde a conduzi-las. Falo nisto a talho de foice e porque gosto de lembrar o tempo da minha meninice.

A meio da tarde saía com todo esplendor a procissão em que o senhor César “Armador” punha todo o seu profissionalismo ao dispor da Nossa Senhora da Conceição. Quando chegava a noite era hora de queimar os “Ferreirinhos”. Gostava de ver mas tinha receio de ser queimado pelo efeito das “bichas de rabiar”.
Assim, muito antes ia para o átrio da casa Nunes, por cima da referida garagem do Neca “Baião” e dali desfrutava de uma boa vista e de certa maneira protegido das referidas “bichas de rabiar”. Este evento (Ferreirinhos) naquele tempo era uma revolução no aspecto da pirotecnia. Como gostava de os ver a gladiar e no fim a mijar um para o outro. Nós, crianças, riamos a bom rir com esta demonstração.
Sabia-se que a partir daquele momento a festa da Nossa Senhora da Conceição estava no seu término. Aliás, término para a maioria dos foliões, porque alguns ainda continuavam na tasca do senhor Ramiro, ia dizer, a saborear o vinho mas devido à quantidade ingerida o paladar já tinha desaparecido. O que tinha ficado eram umas casmurrices entre alguns que a boa disposição do senhor Ramiro punha cobro.
Assim os festeiros, depois de contabilizadas as contas, preparavam-se para a eleição de novos festeiros para darem continuidade à do próximo ano. E é assim que ano após ano Freamunde celebra este dia e Santa com a abnegação que é conhecida de quem nos visita neste dia. E… também é assim que num texto pequeno e simples se relata e recorda uma Santa, uma Procissão, a Meninice e os “Ferreirinhos”.

Wednesday, November 20, 2013

Dia Mundial dos Direitos da Infância:

Friday, November 1, 2013

O sonho de Luísa:

Monday, October 21, 2013

O melhor amigo do homem:


Wednesday, October 2, 2013

Pedaços de Nós:

Sunday, September 22, 2013

Gente da Nossa Terra:

Mais um livro nasceu da autoria de Vitorino Ribeiro (Inô Vítor) e António Taipa (Rodela). Esta é a forma de dar vida a quem nos deixou e lembrar os que ainda se encontram entre nós e que seja por longos anos. Por isso o lançamento do livro no dia de ontem 21/09/2013. E, acreditem que foi lindo. Houve um pouco de tudo. Declamação dos versos por familiares, pelos próprios retratados e declamadores convidados para o efeito assim como canções e um fado intitulado “Gente da Nossa Terra” em que a letra é do fado da Mariza (Oh Gente da Minha Terra) superiormente cantado por Sílvia (Capô).
Via-se nos olhos de quem assistia e de quem constava no livro um brilho de satisfação. Assim como dos familiares dos que já partiram. A estes vinha à memória as peripécias antigas ali contadas no verso do Rodela e na caricatura do Vitorino. Uma lágrima ou outra apontava no canto do olho. Era de alegria e saudade.
Freamunde é assim. Possui talentos para dar continuidade e lembrar um dia mais tarde às novas gerações o que foram os seus antepassados: “Conseguiram fazer de uma coutada, uma aldeia, depois uma vila e, hoje uma cidade, que em tempos primórdio se chamou Fredemundus. «(Frieden, Paz) (Munde, Protecção). Mais tarde Freamunde.”
Era assim que ali estava representado Freamunde. Do mais humilde ao mais ilustre todos couberam ali. Vitorino Ribeiro e António Taipa gostam que assim aconteça. Não se preocupam com as horas gastas desde que seja para elevar Freamunde. E… Freamunde merece-o. Devemos-lhe tudo.
Sabe-se que uma terra não é nada sem os seus habitantes e os seus habitantes sem a sua terra. Por isso quando vemos elogiar este torrão ficamos orgulhosos mesmo que as palavras consistam nisto:
Freamunde! "Não: a terra não é positivamente, das mais bonitas!... Mas a paisagem humana... essa é divina e rara...!" Rui de Carvalho, numa visita a Freamunde.
Quantos não gostariam que estas palavras fossem dirigidas à sua terra? Muitos! Mas não têm sorte. Não é em qualquer terra que têm entre os seus filhos Vitorinos Ribeiro e Antónios Taipa.

Wednesday, September 18, 2013

Ouçam este talento:

Friday, September 13, 2013

Gente da nossa terra:

Sunday, September 1, 2013

Dia Nacional das Bandas Filarmónicas:

Pela primeira vez celebra-se neste dia em Portugal. Há muito que devia estar consagrado, uma vez que somos um País com forte tradição na cultura popular, onde se inserem as filarmónicas. Portugal tem actualmente 720 Bandas Filarmónicas, 1200 escolas de música, 50 orquestras ligeiras e 900 agrupamentos corais.
Mais de 250 mil pessoas, maioritariamente jovens, praticam regularmente música em associações culturais. Sendo assim entendo que peca por tardio. Por isso a minha contribuição para recordar este dia com a actuação da Banda Musical de Freamunde e Grupo Coral Deo Gracias de Freamunde, num concerto na Igreja Matriz de Freamunde onde interpretaram o Coro de Escravos, da Ópera de Nabuco de Giuseppe Verdi e temas de Natal.   

Wednesday, August 28, 2013

Canção do mar:

As russas Elmira Kalimullina e Pelageya arrasaram num programa televisivo do seu país, com uma interpretação fenomenal do tema português “Canção do Mar”, da versão de 1993 do álbum “Lágrimas” da Dulce Pontes.
O tema foi cantado inicialmente em português e por fim em russo e tártaro.

Thursday, August 22, 2013

A. C. R. Pedaços de Nós de Freamunde:

Monday, August 19, 2013

Gente da nossa terra 6:

Sunday, August 18, 2013

Gente da Nossa Terra (5):

Dia vinte e um de Setembro vai ser lançado mais um livro sobre personagens de Freamunde, muitos já falecidos, outros entre nós, de autoria de António Taipa, (Rodela), nos versos e Vitorino Ribeiro, (Inô Vítor), na ilustração.
 
Depois da publicação, há anos, do livro “Pedaços de Nós”, estou em crer, que “Gente da Nossa Terra” vai ser mais um estrondoso êxito. A qualidade dos seus autores assim me faz crer. E para o êxito ser um facto todos os Freamundenses deviam adquirir um exemplar.
Este evento não tem fins lucrativos. Se por ventura, depois de todas as despesas pagas, o que sobejar, é para financiar um próximo que já está em vista.
 
Eventos destes deviam ter o patrocínio do pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Paços de Ferreira e da Junta de Freguesia de Freamunde.
Estou em crer que o Vereador da Cultura, António Coelho, se sensibilize e abra os cordões à bolsa. Não é todos os dias e em todas as terras que aparecem autores a disponibilizarem o seu tempo de ócio para relatar personagens que contribuíram, uns com pouco outros com muito, para o engrandecimento da sua terra.
Assim as entidades Camarárias e as da Junta de Freguesia de Freamunde escrevessem nos seus anais da história, o que António (Rodela) e Vitorino Ribeiro escrevem sobre Freamunde.
Uma terra sem história não é terra. E Freamunde tem o privilégio de mostrar a quem quer que seja esse seu historial.
Depois podemos ficar obrigados e dizer aos quatros ventos de que massa é feita os seus habitantes. Tanto nascidos como residentes.      

Friday, July 12, 2013

Não é um evento completamente sem rede. Aqui há escadotes via Facebook, há refeições na cantina nos Bombeiros e um T3 virado para as Festas Sebastianas. E street art
Enquanto em Lisboa se discute que tipo de coimas aplicar à arte de rua e o Porto corta o mal pela raíz, Freamunde - sim, Freamunde - segue exemplos como Covilhã e Ponta Delgada para apresentar a "street art" às pessoas. Chama-se PUTRICA. Apontem.
Alma, Bafo de Peixe, Eime, Fedor, Fedra, Go Mes, Hazul, Luís Andrade, Mots, Oker, Pedro Podre e Tiago Casanova. Estes são alguns dos nomes que aceitaram o desafio de Frederico Soares Campos, arquitecto, artista, freamundense e organizador do PUTRICA (Propostas Urbanas Temporárias de Reabilitação e Intervenção Cultural e Artística), que ficará em Freamunde para além do dia 13 de Julho e para além das Festas Sebastianas, que levam à localidade milhares de visitantes.
"Estamos a descobrir como se faz à medida que está a ser feito", contou ao P3, Frederico "Draw" Campos, provavelmente o artista com mais paredes assinadas em Freamunde. Num "meio pequeno" torna-se fácil desencantar um T3 no centro, virado para a festa. Ou refeições gratuitas para os artistas (almoços e jantares na cantina dos Bombeiros). Ou escadotes (lançamos um apelo no Facebook?).
Por isso, porque a comunidade está receptiva, PUTRICA não é um projecto completamente sem rede. A comissão de festas queria que as pessoas que chegassem às Festas Sebastianas fossem recebidas por "street art". O jovem arquitecto lembrou-se dos "edifícios devolutos e descaracterizados em ruas centrais da cidade", edifícios com valor histórico, cultural e social como a Fábrica do Calvário ou a antiga Fábrica Grande, onde trabalhou o seu avô e os avós de muitos dos seus amigos.
Se a palavra "putrica" significa para as gentes de Freamunde "cambalhota, brincadeira e cultura popular", a partir de agora significará também arte urbana. "Uma cambalhota no movimento artístico da região é um dos objectivos da organização", que conta também com o trabalho de Sara Ribeiro e de Nelson Silva.
"Acho que já está no mapa. Já se fala", assume Draw, com "um percurso físico pensado, através de ruas e vielas". "Isto acontece por causa da facilidade com que se conseguem autorizações ao contrário das grandes cidades, onde a street art é cada vez mais barrada. No Porto, é um processo que está a retroceder, mas que ainda vai dar uma volta. Claro que há uma mensagem implícita. Daí o facto de deslocarmos o festival para aqui".
Aqui é Freamunde.
Texto de Luís Octávio Costa 
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